São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE

Em discurso no Rio, presidente disse que negativismo deve ser deixado "no banheiro"; sobre economia, afirmou que não será irresponsável

Lula sugere "descarga" contra pessimismo

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Em discurso ontem no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou que o brasileiro, "todo santo dia", faça "uma reza profunda" para deixar "o pessimismo no banheiro".
"Dê descarga nele [no pessimismo] logo cedo e saia para a rua pensando coisas boas, porque aí elas acontecem, têm muito mais chance de acontecer", afirmou ele durante a abertura do 33º Congresso Brasileiro das Agências de Viagem e Feira das Américas, no Riocentro (zona oeste), a Abav.
Lula não deixou de fazer comentários sobre política. Segundo ele, "em todo ano eleitoral, o político é chegado a fazer loucura, é chegado a inventar, a criar mágica" e a "vender ilusão temporária para a sociedade brasileira".
"Não haverá mágica, não passarei para a história com a irresponsabilidade de que inventei mais uma mágica, que acabou quando deixei o governo e o povo pagou o pato. Não, este país merece uma chance", afirmou.
Ladeado pela governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), e pelo ministro Walfrido dos Mares Guia (Turismo), Lula disse que o país vive momento em que "não podemos permitir que a impaciência tome conta", pois "há muitos e muitos anos não temos (...) uma conjunção de fatores dando certo, combinando entre si". "Se aproveitarmos essa oportunidade, nós poderemos ter um ciclo de crescimento sustentável, de longo prazo", continuou.
Como exemplo da suposta impaciência, Lula citou o câmbio. "A verdade é que a sociedade brasileira reivindicava o câmbio flutuante, e sabe qual é o problema do câmbio flutuante? Ele flutua. As pessoas agora querem que o câmbio não seja flutuante, que o presidente diga qual é o valor do dólar e nós não vamos fazer isso."
Diante de cerca de 500 empresários do turismo, de agentes de viagens e de políticos, o presidente criticou a forma como a imprensa divulga notícias sobre o Rio. "Se a gente for analisar as matérias negativas que saem na televisão falando do Rio de Janeiro, qualquer coisinha no Rio ganha uma dimensão enorme. Agora, não adianta falar mal do Rio de Janeiro, porque isso aqui... Deus, Jesus Cristo está com os braços abertos ali, tomando conta. Isso aqui é um poder extraordinário. Só o cidadão chegar de avião, e ele ver o cenário, já valeu a viagem."
Para Lula, o setor de turismo "é uma coisa que tem que ser tratada como se fosse a miss Brasil".
Ele disse ainda que no último congresso da Abav falou ao embaixador americano "que era preciso pegar os turistas que vão visitar Niágara [catarata na fronteira dos EUA e do Canadá] e trazer para visitar Foz do Iguaçu". "Eles iam perceber que o Niágara era um filete de água, era um corregozinho perto das nossas cataratas."
No discurso, Lula disse que seu governo está consertando "66% dos aeroportos da Infraero [Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária]".
"Quem é de São Paulo sabe: aquele aeroporto de Congonhas, o sacrifício que a gente faz para chegar e para sair é um negócio maluco. No final do ano, se Deus quiser, vamos resolver o problema do estacionamento."
Ainda sobre esse aeroporto, disse: "faz 12 anos que eu xingo alguém por causa daquele estacionamento. Eu, um tempo, pensei que havia um acordo entre a polícia e os táxis [sic], porque eles queriam que a gente descesse do carro andando, não dava nem para parar que eles iam multando. As pessoas sofrem."


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