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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE
Em discurso no Rio, presidente disse que negativismo deve ser deixado "no banheiro"; sobre economia, afirmou que não será irresponsável
Lula sugere "descarga" contra pessimismo
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Em discurso ontem no Rio, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou que o brasileiro, "todo
santo dia", faça "uma reza profunda" para deixar "o pessimismo no banheiro".
"Dê descarga nele [no pessimismo] logo cedo e saia para a rua
pensando coisas boas, porque aí
elas acontecem, têm muito mais
chance de acontecer", afirmou ele
durante a abertura do 33º Congresso Brasileiro das Agências de
Viagem e Feira das Américas, no
Riocentro (zona oeste), a Abav.
Lula não deixou de fazer comentários sobre política. Segundo ele, "em todo ano eleitoral, o
político é chegado a fazer loucura,
é chegado a inventar, a criar mágica" e a "vender ilusão temporária
para a sociedade brasileira".
"Não haverá mágica, não passarei para a história com a irresponsabilidade de que inventei mais
uma mágica, que acabou quando
deixei o governo e o povo pagou o
pato. Não, este país merece uma
chance", afirmou.
Ladeado pela governadora do
Rio, Rosinha Matheus (PMDB), e
pelo ministro Walfrido dos Mares
Guia (Turismo), Lula disse que o
país vive momento em que "não
podemos permitir que a impaciência tome conta", pois "há
muitos e muitos anos não temos
(...) uma conjunção de fatores
dando certo, combinando entre
si". "Se aproveitarmos essa oportunidade, nós poderemos ter um
ciclo de crescimento sustentável,
de longo prazo", continuou.
Como exemplo da suposta impaciência, Lula citou o câmbio. "A
verdade é que a sociedade brasileira reivindicava o câmbio flutuante, e sabe qual é o problema
do câmbio flutuante? Ele flutua.
As pessoas agora querem que o
câmbio não seja flutuante, que o
presidente diga qual é o valor do
dólar e nós não vamos fazer isso."
Diante de cerca de 500 empresários do turismo, de agentes de viagens e de políticos, o presidente
criticou a forma como a imprensa
divulga notícias sobre o Rio. "Se a
gente for analisar as matérias negativas que saem na televisão falando do Rio de Janeiro, qualquer
coisinha no Rio ganha uma dimensão enorme. Agora, não
adianta falar mal do Rio de Janeiro, porque isso aqui... Deus, Jesus
Cristo está com os braços abertos
ali, tomando conta. Isso aqui é um
poder extraordinário. Só o cidadão chegar de avião, e ele ver o cenário, já valeu a viagem."
Para Lula, o setor de turismo "é
uma coisa que tem que ser tratada
como se fosse a miss Brasil".
Ele disse ainda que no último
congresso da Abav falou ao embaixador americano "que era preciso pegar os turistas que vão visitar Niágara [catarata na fronteira
dos EUA e do Canadá] e trazer para visitar Foz do Iguaçu". "Eles
iam perceber que o Niágara era
um filete de água, era um corregozinho perto das nossas cataratas."
No discurso, Lula disse que seu
governo está consertando "66%
dos aeroportos da Infraero [Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária]".
"Quem é de São Paulo sabe:
aquele aeroporto de Congonhas,
o sacrifício que a gente faz para
chegar e para sair é um negócio
maluco. No final do ano, se Deus
quiser, vamos resolver o problema do estacionamento."
Ainda sobre esse aeroporto, disse: "faz 12 anos que eu xingo alguém por causa daquele estacionamento. Eu, um tempo, pensei
que havia um acordo entre a polícia e os táxis [sic], porque eles
queriam que a gente descesse do
carro andando, não dava nem para parar que eles iam multando.
As pessoas sofrem."
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