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Candidatos de Lula em 2008 recebem o dobro em emendas
Governistas tiveram R$ 1 milhão liberado contra R$ 500 mil de oposicionistas
Governo segue modelo de 2004, quando liberou R$ 120 mi a 73 governistas, contra R$ 27 mi para os 21 candidatos da oposição
RANIER BRAGON
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula
da Silva vem repetindo neste
ano a prática adotada em 2004
de vitaminar com verbas do Orçamento da União os deputados federais e senadores aliados que pretendem trocar a cadeira no Congresso pelo comando de uma prefeitura.
A cerca de um ano das eleições, os congressistas pré-candidatos do bloco governista foram contemplados neste ano com uma média de R$ 1 milhão,
cada um, para obras e investimentos incluídos por eles no
Orçamento. O valor é o dobro
do destinado aos parlamentares candidatos da oposição,
com média de R$ 500 mil cada
um. Em 2004, 73 parlamentares candidatos governistas tiveram no primeiro semestre
R$ 120 milhões em emendas
empenhadas contra R$ 27 milhões dos 21 oposicionistas.
As emendas incluídas no Orçamento têm o objetivo de destinar verba para obras como
pavimentação de ruas e construção de postos de saúde nos
redutos eleitorais dos congressistas. Como ficam carimbadas
como "obra do deputado ou senador tal", tornam-se importante trunfo nas eleições.
Porém, a liberação efetiva do
dinheiro depende do governo.
Com isso, é prática comum o
benefício a aliados -assim como nos de Lula, os mandatos do
tucano Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002) também
têm registro dessa prática.
"Para você falar grosso com o
governo, tem de ter bons projetos e discutir sempre em favor
do seu Estado", diz o senador
Marcelo Crivella (PRB-RJ),
pré-candidato à Prefeitura do
Rio de Janeiro, o "campeão" de
destinação neste ano, com
R$ 4,3 milhões para obras como fábrica de tomate em Vassouras e obras de saneamento
na Baixada Fluminense.
55 governistas
O cruzamento feito pela Folha -com base em dados coletados pela assessoria do DEM
no Siafi- mostra que o grupo
de 55 congressistas governistas
tiveram suas emendas atendidas em 2007 em um total de
R$ 55 milhões, com destaque
para Crivella e os deputados
Renildo Calheiros (PC do B-PE), pré-candidato em Olinda,
e Nelson Pellegrino (PT-BA),
pré-candidato em Salvador.
"Sou o deputado que mais
manda emendas para Salvador", afirma Pellegrino. Ele disputa a pré-candidatura com o
colega Walter Pinheiro (PT-BA), atendido com R$ 258 mil.
Da oposição, os pré-candidatos
em Salvador são Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM),
que teve atendimento zero, e
José Carlos Aleluia (DEM),
contemplado com R$ 150 mil.
"Creio que influencia sim
[nas eleições]", diz o deputado
Guilherme Menezes (PT-BA),
duas vezes prefeito de Vitória
da Conquista e cotado para
2008. Suas emendas estão na
12ª posição entre as mais contempladas, com R$ 1,7 milhão.
Para Neucimar Fraga (PR-ES), pré-candidato em Vila Velha, as emendas não influenciam: "Vila Velha tem Orçamento de R$ 500 milhões.
Emenda de R$ 2 milhões não é
significativa para influenciar."
Um exemplo do uso das
emendas vem de Joinville (SC).
O prefeito Marco Tebaldi
(PSDB) afirma que o pré-candidato do PT Carlito Merss não
traz verbas federais com o intuito de prejudicá-lo. O petista
diz que o prefeito é que prejudica a liberação de parte da verba
ao não dispor contrapartidas.
Dos 18 oposicionistas pré-candidatos, o mais contemplado é o tucano Luiz Carlos Hauly
(PR), pré-candidato em Londrina, com R$ 1,6 milhão. A Folha não conseguiu localizá-lo.
Os dados se referem a emendas empenhadas, pagas, e de
anos anteriores (2005 e 2006)
liberadas neste ano. Embora
haja 151 congressistas cotados
para disputar a eleição de 2008,
o levantamento só inclui os 73
que já exerciam mandato e puderam apresentar emendas.
O Ministério das Relações
Institucionais negou privilégio
a governistas, afirmando que o
Planalto liberará R$ 3,5 bilhões
em emendas até o final do ano,
e que os oposicionistas serão
atendidos da mesma forma.
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