São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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Lula critica articulação pelo 3º mandato

Ao contestar aliados, petista diz que não há pessoas insubstituíveis na política e que país ganha com alternância de poder

Presidente disse ser contra proposta de dois deputados na comemoração de seu 62º aniversário, em frente ao Palácio da Alvorada

Ueslei Marcelino/Folha Imagem
Cercado por militantes do PT, presidente comemora seu aniversário ao lado de Marisa Letícia, em frente ao Palácio da Alvorada


DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as articulações de aliados para aprovar no Congresso o direito a um terceiro mandato presidencial em 2010. Ele argumentou que não há pessoas insubstituíveis na política e disse que o país ganha com a alternância de poder.
"[Discutir] 2010 [agora] é um atraso. Acho que essa discussão não cabe. Acho que o Brasil não precisa disso. A alternância de poder é uma coisa extremamente importante para o fortalecimento da democracia", afirmou Lula, após ser homenageado com uma festa de aniversário pelos seus 62 anos, em frente ao Palácio da Alvorada.
"Esse negócio de achar que tem pessoas que são imprescindíveis e insubstituíveis não existe na política." Segundo o presidente, a proposta discutida na Câmara pelos deputados Carlos Willian (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP) não conta com seu apoio. "Não apóio. Não acho necessário haver uma proposta como esta."
O presidente defendeu ainda que as negociações sobre servidores grevistas -federais, estaduais e municipais- sejam feitas diretamente entre sindicatos e representantes dos governos. Nesta semana, o STF (Supremo Tribunal Federal) impôs restrições às paralisações nos serviços públicos ao estender a lei de greve do setor privado para o funcionalismo.
"Acho que os servidores têm interesse em fazer a regulamentação e pode ter uma minoria que não tenha vontade. Mas a maioria tem. O governo vai trabalhar para isso. Deve valer para todos os servidores, federal, estadual e municipal."
Na comemoração da manhã de ontem, cerca de cem militantes do PT do Distrito Federais levaram ao Alvorada bolo, refrigerantes e pirulitos. "Não gastamos nem R$ 50. Foi tudo doação", afirmou José Zunga, ex-dirigente da CUT do DF.
Ao lado da primeira-dama, Marisa Letícia, Lula posou para fotografias e beijou crianças. "Não é todo dia que a gente faz 62 anos. Só tenho a agradecer a Deus", disse. "Se depender da minha vontade, vocês [referindo-se aos jornalistas] vão me ver completar 72 anos. É uma questão de tempo", brincou ele.

Na véspera
Na noite de sexta, Lula já havia criticado a idéia do terceiro mandato na festa de aniversário que deu no Alvorada, dizendo a aliados que "não há hipótese" de isso acontecer. A festa foi animada por sete músicos da Aeronáutica, que logo após o "parabéns" fizeram os presentes cantar a música "Carinhoso", de Pixinguinha, para Lula.
Classificada de um "evento familiar", a festa reuniu em torno da mesa de Lula os presidentes do STF, Ellen Gracie; da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT); e o interino do Senado, Tião Viana (PT); além dos senadores peemedebistas Roseana Sarney e Romero Jucá.
Entre outros assuntos, Lula manifestou a Ellen Gracie discordância em relação a parte da recente decisão do Poder Judiciário que estabeleceu um modelo de fidelidade partidária.
Embora classificada por presentes como uma "manifestação cordial" de divergência, Lula disse à ministra considerar "absurda" a possibilidade de o presidente da República ou governadores perderem o mandato em função de mudança de partido. A ministra teria reagido apenas com "sorrisos" aos comentários do presidente.
Na mesa ao lado, estavam os ministros Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), Henrique Meirelles (Banco Central), Alfredo Nascimento (Transportes), Pedro Brito (Portos) e Nelson Jobim (Defesa), que chegou ao Alvorada com a presidente do STF.
Também estiveram presentes Tarso Genro (Justiça) e Dilma Rousseff (Casa Civil), além dos comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha. Por problema de agenda, não compareceram Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento).
Os filhos de Lula vieram de São Paulo para participar da comemoração, na qual foi servido feijão tropeiro e churrasco. Segundo presentes, o ponto alto da festa foi quando Lula e Marisa dançaram de rosto colado o bolero "Besame Mucho".


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