São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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Servidor vai ficar à mercê do governo, afirma sociólogo

DA REDAÇÃO

"O STF errou porque, ao restringir o direito de greve, não fez nenhuma restrição ao governo, obrigando-o a negociar." A opinião é de Ricardo Antunes, professor titular de sociologia do trabalho da Unicamp. Segundo Antunes, se não fizerem greve, os servidores públicos "dependem da sensibilidade dos governantes, que em geral têm sido insensíveis". (FBM)  

FOLHA- O que o senhor achou da regulamentação do direito de greve no setor público?
RICARDO ANTUNES
- Entendo que a decisão é negativa. O primeiro problema é na forma, pois é uma questão que deve ser regulamentada pelo Congresso. O segundo diz respeito ao conteúdo e à fragilidade da decisão. O direito de greve está na Constituição. O trabalho no setor público tem especificidade.

FOLHA - Por quê?
ANTUNES
- O trabalhador privado tem negociação coletiva regulamentada. O patrão é obrigado a negociar. Isso os funcionários públicos não têm. Se não fazem greve, dependem da sensibilidade dos governantes, que em geral têm sido insensíveis.

FOLHA - Mas, no fim, não é a população que é penalizada?
ANTUNES
- É o dilema do funcionalismo público. Por um lado, sabe-se que, melhorando salários, melhora o atendimento. Mas, às vezes, para recuperar a dignidade do trabalho, a greve é necessária. Isso só ocorre porque não há uma forma regrada de negociação coletiva. O Supremo errou porque, ao restringir o direito de greve, não fez nenhuma restrição ao governo, obrigando-o a negociar.

FOLHA - A relação do governo Lula com sindicatos vai ser abalada?
ANTUNES
- Até que uma nova regulamentação do Congresso seja feita, os funcionários públicos serão prisioneiros do governo. Creio que houve uma adequação das leis àquilo que quer o governo. Essa politização [do STF] é negativa.


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