São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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Foco

Destaque da campanha, "Kassabão" tem validade pequena e será reciclado

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

"Kassabão", o boneco inflável que foi um dos sucessos da campanha do prefeito reeleito, Gilberto Kassab (DEM), está com seus dias contados. Depois de quase dois meses ininterruptos nas ruas de São Paulo, o boneco que ajudou a divulgar uma imagem simpática do prefeito deve virar sucata, ir para a reciclagem.
O destino, lamentado até por participantes da campanha do prefeito, foi selado em função da durabilidade do material do qual os dez bonecos foram feitos. O plástico é quase tão resistente quanto uma lona, mas endurece e quebra caso não passe por constante manutenção.
A campanha do DEM pensou em guardar os bonecos para eventos e, quem sabe, eleições futuras. Mas foi informada pelo fabricante de que o prazo de validade dos "kassabões" é bem mais curto do que o mandato do prefeito que ajudaram a eleger: não passa de seis meses.
Um dos principais inconformados com o destino do boneco é Nilson Cruz de Oliveira, 24, o primeiro "Kassabão". Ele adora tanto os bonecos que, ao longo da campanha, se tornou quase um pai deles.
Antes de o boneco ir para as ruas, Nilson era agitador de bandeiras. "Fui promovido", diz. Passou a ser um deles -o funcionamento do boneco exige que uma pessoa esteja dentro da estrutura, com uma bateria presa ao corpo responsável por alimentar o ventilador que infla a figura. Nilson passou a organizar as 20 pessoas que faziam o "Kassabão" existir -era preciso ter quem conduzisse o boneco e evitasse ataques de quem desejava derrubar ou furar o "brinquedo", de cerca de 2,5 metros.
Nilson mora em Itaim Paulista, extremo leste da cidade. Todos os dias, desde setembro, quando "assumiu" o "Kassabão", ia para o comitê da campanha, no centro da cidade. Lá ficavam todos os bonecos. De lá, saía em dupla para as agendas do dia. "Cheguei a ficar três horas dentro dele, em carreata", diz.
Informado do futuro dos bonecos, Nilson diz que vai sentir falta deles. "Se tivesse lugar lá em casa e um carregador de bateria como este, pedia um para mim".
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a origem do boneco com jeitão bobo e ingênuo não foi a cabeça de um marketeiro. Segundo assessores do prefeito, empresa que fabrica bonecos semelhantes sugeriu à campanha que criasse um boneco para ajudar no corpo-a-corpo das ruas.
O desenho reproduz o prefeito, com um toque mais juvenil, para imitar o "Kassabinho" usado em adesivos, santinhos e na propaganda da TV. Cada exemplar custou R$ 1,5 mil -valor considerado "mais do que pago" pela campanha, por causa do grande sucesso do boneco.
A última aparição dos bonecos, desta vez todos juntos, está programada para 1º de janeiro, na posse do prefeito.


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