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CONGRESSO DO PT
Após pressão de Lula e Dirceu, partido rejeita lema pró-impeachment
Moderados impedem "Fora FHC"
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
PATRÍCIA ANDRADE
enviada especial a Belo Horizonte
Depois de mais de 24 horas de
negociação e clima de confronto
entre as tendências, os moderados do PT barraram a aprovação
da proposta apresentada pelos
radicais para que o partido adotasse o lema "Fora FHC", que
prega o impeachment do presidente Fernando Henrique.
Foi a votação mais difícil para o
campo majoritário do PT, formado pela corrente Articulação (de
Luiz Inácio Lula da Silva e José
Dirceu, presidente do partido) e
pela Democracia Radical, tendência de José Genoino (SP), líder da legenda na Câmara. Isso
porque, apesar de os moderados
terem o apoio de 53% dos delegados, vários membros da própria
Articulação eram favoráveis à
aprovação do slogan.
O texto aprovado, defendido
em plenário por Dirceu, reconhece a legitimidade das entidades
que defendem o lema, mas não o
estabelece para o PT.
Diz que o partido assume o
compromisso de continuar na
ofensiva ao governo, impulsionando movimentos populares,
denunciando a corrupção, a dilapidação do patrimônio público e
a quebra da soberania nacional
para "derrotar" FHC.
Os moderados venceram a disputa por maioria numa votação
em que os delegados levantaram
seus crachás.
A vitória só ocorreu porque os
principais líderes da ala "light",
inclusive Lula, fizeram pressão
para que os dissidentes da Articulação mudassem de posição.
No plenário, os moderados
acusaram os radicais de querer
no poder Marco Maciel, o vice-presidente: "El, el, el, vocês querem Maciel". Os radicais reagiram: "Ano, ano, ano, nunca vi
tanto tucano".
"Há companheiros que sobrevalorizaram o "Fora FHC" e outros que subvalorizaram. Criou-se um acirramento desnecessário. Não é tirando FHC que combateremos o modelo econômico.
Temos que eleger prefeitos e vereadores, levantar o alicerce da
casa e concluí-la em 2002, ganhando as eleições", disse Lula.
Dirceu ameaçou até retirar sua
candidatura à presidência do PT
para convencer sua base. Lula
discordou: "Eu fui presidente por
13 anos e tive que defender temas
em que eu não acreditava".
Para Dirceu, os que defendem o
lema querem só travar uma "luta
interna". "É uma mesquinharia
política. Ninguém fez mais oposição a FHC do que eu."
Líder dos radicais, o deputado
Milton Temer (RJ) chamou os
desafetos de incoerentes. "Já protocolamos pedido de impeachment do FHC e toda a bancada
assinou. Por que então não fazer
pressão política nas ruas? Isso
não é um problema político, mas
psicanalítico."
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