São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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CONGRESSO DO PT
Após pressão de Lula e Dirceu, partido rejeita lema pró-impeachment
Moderados impedem "Fora FHC"

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

PATRÍCIA ANDRADE
enviada especial a Belo Horizonte

Depois de mais de 24 horas de negociação e clima de confronto entre as tendências, os moderados do PT barraram a aprovação da proposta apresentada pelos radicais para que o partido adotasse o lema "Fora FHC", que prega o impeachment do presidente Fernando Henrique.
Foi a votação mais difícil para o campo majoritário do PT, formado pela corrente Articulação (de Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu, presidente do partido) e pela Democracia Radical, tendência de José Genoino (SP), líder da legenda na Câmara. Isso porque, apesar de os moderados terem o apoio de 53% dos delegados, vários membros da própria Articulação eram favoráveis à aprovação do slogan.
O texto aprovado, defendido em plenário por Dirceu, reconhece a legitimidade das entidades que defendem o lema, mas não o estabelece para o PT.
Diz que o partido assume o compromisso de continuar na ofensiva ao governo, impulsionando movimentos populares, denunciando a corrupção, a dilapidação do patrimônio público e a quebra da soberania nacional para "derrotar" FHC.
Os moderados venceram a disputa por maioria numa votação em que os delegados levantaram seus crachás.
A vitória só ocorreu porque os principais líderes da ala "light", inclusive Lula, fizeram pressão para que os dissidentes da Articulação mudassem de posição.
No plenário, os moderados acusaram os radicais de querer no poder Marco Maciel, o vice-presidente: "El, el, el, vocês querem Maciel". Os radicais reagiram: "Ano, ano, ano, nunca vi tanto tucano".
"Há companheiros que sobrevalorizaram o "Fora FHC" e outros que subvalorizaram. Criou-se um acirramento desnecessário. Não é tirando FHC que combateremos o modelo econômico. Temos que eleger prefeitos e vereadores, levantar o alicerce da casa e concluí-la em 2002, ganhando as eleições", disse Lula.
Dirceu ameaçou até retirar sua candidatura à presidência do PT para convencer sua base. Lula discordou: "Eu fui presidente por 13 anos e tive que defender temas em que eu não acreditava".
Para Dirceu, os que defendem o lema querem só travar uma "luta interna". "É uma mesquinharia política. Ninguém fez mais oposição a FHC do que eu."
Líder dos radicais, o deputado Milton Temer (RJ) chamou os desafetos de incoerentes. "Já protocolamos pedido de impeachment do FHC e toda a bancada assinou. Por que então não fazer pressão política nas ruas? Isso não é um problema político, mas psicanalítico."


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