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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CONCLUSÕES
Relator diz que comissão tem dados que comprovam relação entre esquema operado por Marcos Valério e votações na Câmara
CPI ratificará "mensalão" em relatório
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O relator da CPI dos Correios,
deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), afirmou ontem que
apresentará um novo relatório
parcial sobre as investigações da
comissão, entre os dias 10 e 15 de
dezembro, no qual apontará "as
razões" da CPI para "ratificar" a
existência do chamado esquema
do "mensalão".
"A CPI vai demonstrar quais as
razões pelas quais entende que o
"mensalão" está comprovado. Vai
ratificar as razões pelas quais entendeu que há o "mensalão". Já
disse que tem [o esquema] e vai
confirmar", disse Serraglio.
Segundo o relator, a idéia não é
apresentar novos nomes de supostos beneficiários do esquema
nem aprofundar as investigações
sobre eles, mas "interpretar o sistema". "A idéia é passar qual é a
nossa concepção em relação ao
"mensalão". Não em relação aos
parlamentares, não queremos
mais discutir saques, mas interpretar o sistema."
Inicialmente, a CPI dos Correios tinha sido encarregada de
apurar a origem dos recursos que
abasteceram o caixa dois do PT. A
incumbência de confirmar ou
não a existência dos repasses a
parlamentares era da chamada
CPI do Mensalão, que terminou
há dez dias sem a votação de um
parecer conclusivo.
Após o fiasco da CPI do Mensalão, o relator da comissão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), admitiu o uso de recursos
ilícitos para pagamentos de dívidas de campanha, mas não concluiu a existência do "mensalão"
nos moldes denunciados pelo deputado cassado Roberto Jefferson
(PTB-RJ), ou seja, o pagamento
pelo PT de mesada de R$ 30 mil a
deputados do PP e do PL em troca
de apoio no Congresso.
"Vamos dizer muito claramente, verificar aquelas liberações tópicas em relação a determinadas
votações ou o levantamento do
[deputado] Júlio Redecker
[PSDB-RS], dos "semanões", a cada semana R$ 500 mil. Essa tabulação não apareceu em lugar nenhum", afirmou Serraglio.
Integrante da CPI do Mensalão,
Redecker apresentou um levantamento feito a partir da quebra de
sigilo bancário da empresa Guaranhuns -supostamente utilizada como empresa de fachada no
esquema para repassar recursos
para o PL- ,que, segundo ele,
mostra repasses da empresa que
somavam R$ 500 mil por semana
em 2003.
Para Serraglio, é possível atestar
a ocorrência do "mensalão" a partir de dados já coletados pela CPI.
Além disso, ele afirmou que seu
relatório parcial irá pedir o indiciamento de diversas pessoas. Ele
não citou os nomes, mas disse que
são de pessoas ligadas a contratos
com irregularidades.
A idéia de elaborar um novo relatório parcial decorre de duas razões: mostrar que a CPI já tem dados conclusivos sobre a maioria
das frentes de apuração e acabar
com disputas internas entre governo e oposição sobre o trabalho
das sub-relatorias.
A espinha do novo texto de Serraglio passa por 12 tópicos (veja
quadro nesta página), elencados
pelo relator-adjunto da CPI, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ)
no final de semana, após o que
chamou de "pente-fino" nos papéis coletados pela comissão. Segundo Paes, a intenção é estabelecer um elo entre as diferentes
frentes de apuração e "ajustar o
foco do que já está muito perto de
ser concluído".
Os principais pontos, segundo
Paes, tratam de contratos de publicidade de estatais com as agências do publicitário Marcos Valério de Souza e de possíveis financiadores privados do esquema
que abasteceu o caixa dois do PT.
"A idéia foi identificar os principais itens que têm elementos para
bater o martelo, que já estão em
fase avançada", disse Paes. "O foco está claro. Não dá para a CPI, a
cada escândalo que surge, tratá-lo
como prioridade."
A CPI já apresentou um relatório parcial em que pedia a abertura de processo contra 19 deputados por envolvimento no esquema. Um deles (Jefferson) já foi
cassado; quatro renunciaram e
um (Sandro Mabel, do PL-GO) foi
absolvido. Os demais aguardam
julgamento da Câmara.
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