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Contrato como o assinado pela Rede 21 com a Gamecorp é comum no mercado
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
Contratos como o da Rede 21
com a Gamecorp são comuns
na TV, embora de legalidade
questionável.
Pelo acordo, a Gamecorp paga pelo menos R$ 250 mil mensais para a Rede 21 pela veiculação de cinco horas diárias de
programação.
A Gamecorp banca a produção dessa programação e tem a
obrigação de buscar anúncios
no mercado publicitário. Fora
isso, ambas dividem as receitas
advindas dos 20 maiores anunciantes da Rede 21 em 2005,
entre eles estatais e governo federal. O grupo é formado por:
Banco do Brasil, Renault do
Brasil, Petróleo Ipiranga, Bunge Alimentos, Casas Bahia, Telet e Grupo Claro, Caixa Econômica Federal, Telesp Celular e
Grupo Vivo, Transitions Optical do Brasil, Intelig, Perdigão,
Secretaria de Administração
-Presidência da República,
Companhia Brasileira de
Meios de Pagamento - Visa,
Schimar Propaganda e Publicidade, Ministério da Saúde, Química Amparo, Kimberly-Clark,
Grupo Telefónica, Cervejaria
Kaiser e Philips.
Para especialistas no setor,
isso pode ser caracterizado aluguel de espaço de radiodifusão.
A defasada legislação brasileira
de radiodifusão não é clara
quanto à legalidade desse tipo
de parceria. Mas é princípio do
direito público não permitir a
sublocação de concessões.
Essa distorção já está tão absorvida pelo mercado que empresas e igrejas que compram
horários nas redes de TV são
chamadas pelas redes de TV de
concessionárias.
Falta de estrutura
O Ministério das Comunicações deveria fiscalizar essa prática, mas raramente o faz porque não tem estrutura.
As redes tratam a venda de
horários como um negócio normal. Há vários tipos tipos de
"parcerias". A mais comum é a
venda de espaço para "concessionários".
Nessa modalidade, a emissora recebe um valor fixo da igreja
ou empresa, independentemente desse parceiro auferir
ou não receitas publicitárias
com a exploração do espaço.
Parcerias como a da Rede 21
com a Gamecorp, em que a
emissora tem participação na
exploração dos intervalos comerciais, são menos comuns,
mas não raras.
"Não há nada de ilegal nisso",
diz Antonio Rosa Neto, superintendente comercial da Rede
TV!. "É tendência nos Estados
Unidos o próprio anunciante
com sua agência desenvolver o
conteúdo para a TV", conta.
Para Walter Vieira Ceneviva,
advogado da Rede 21, é "burrice" ver a parceria de seu cliente
com a Gamecorp como arrendamento. "Existe no setor um
conceito de locação de horário", diz.
Ele defende a legalidade da
operação. "O nosso contrato é
de compra de conteúdo. Não há
arrendamento. A Gamecorp
produz um conteúdo e exibe na
nossa emissora, como o Silvio
Santos um dia exibiu na Globo", afirma.
Segundo a Rede 21, a Gamecorp vende os anúncios, mas as
notas fiscais são emitidas pela
emissora. Logo, a Gamecorp
garante um faturamento mínimo, mas formalmente é a Rede
21 quem fatura e lhe paga.
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