São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2006

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PF vai focar investigações sobre dossiê no PT paulista

Autoridades trabalham com a hipótese de que o dinheiro saiu da legenda em SP

Polícia Federal planeja ouvir Paulo Frateschi, presidente do partido em São Paulo, e os tesoureiros Antônio dos Santos e José Baccarin


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A Polícia Federal vai focar as investigações sobre a origem do R$ 1,75 milhão que seria usado na compra do dossiê antitucano em integrantes ligados ao PT paulista e confirmou ontem que ouvirá nos próximos dias o presidente estadual petista, Paulo Frateschi, o tesoureiro do partido em São Paulo, Antônio dos Santos, e o tesoureiro da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de São Paulo, José Giácomo Baccarin.
A PF pediu ontem -pela segunda vez- a prorrogação do inquérito por mais 30 dias e entregou o segundo relatório parcial das investigações à Justiça Federal de Cuiabá.
O documento aponta que há fortes indícios de que todos os dólares que seriam usados na compra do dossiê saíram da casa de câmbio Vicatur, localizada em Nova Iguaçu (RJ).
O juiz responsável pelo caso, Jefferson Schneider, da 2ª Vara da Justiça Federal de Cuiabá, pediu ontem parecer do Ministério Público Federal sobre a prorrogação do prazo.
O juiz decidiu ainda autorizar a divulgação do segundo relatório parcial, com exceção de dois parágrafos, que, segundo Schneider, "estão acobertados pelo sigilo telefônico".
Há duas semanas, a PF havia divulgado que também ouviria o tesoureiro da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, José de Filippi Jr., mas ontem descartou essa possibilidade.
De acordo com o superintendente da PF em Mato Grosso, Daniel Lorenz, os depoimentos dos petistas não têm data e local marcado, mas ele justificou que os tesoureiros e o presidente do PT estadual serão ouvidos para que a PF possa "fechar todas as circunstâncias" relacionadas à origem do dinheiro.
A PF trabalha com a hipótese de que o dinheiro tenha saído do PT paulista. A polícia prendeu em 15 de setembro passado os emissários petistas no hotel Ibis de São Paulo com o dinheiro para comprar o dossiê.
O delegado não descartou a possibilidade de a PF ouvir ainda o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT), que aparece na quebra de sigilos telefônicos em contatos dias antes da negociação do dossiê com o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso, apontado com um dos articuladores do dossiegate.

Berzoini
A PF não descartou ontem o possível envolvimento do presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, na trama do dossiê, mas, segundo o superintendente da PF em MT, a polícia "não trabalha com esta hipótese neste momento".
A Folha revelou no domingo que a PF tem indícios de que Berzoini autorizou petistas a comprarem o dossiê. Berzoini nega. A reportagem cita que Carlos Abicalil (PT-MT) foi quem informou Berzoini sobre a disposição dos Vedoin de negociar acusações contra o ex-ministro da Saúde José Serra, hoje governador eleito de SP.


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