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Construtora fez doações ilegais, diz PF
Camargo Corrêa deu repasses "por fora" a políticos e partidos, sugere documento
Secretários da cidade e do Estado de SP aparecem como beneficiários, mas negam; relatório final da Castelo de Areia será enviado à Justiça
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal concluiu a
segunda fase da Operação Castelo de Areia e apontou em um
relatório indícios de doações
ilegais feitas pela construtora
Camargo Corrêa a políticos e
superfaturamento em várias
obras públicas pelo país.
O trabalho da PF poderá resultar em um nova denúncia do
Ministério Público na semana
que vem e no desmembramento das apurações para os tribunais superiores em Brasília, onde os políticos têm foro privilegiado para serem investigados.
Com base em laudos produzidos pelo Instituto Nacional
de Criminalística, a Procuradoria também poderá pedir a
abertura de novos inquéritos
nos Estados em que as obras
com indícios de sobreço foram
executadas. A construção do
trecho sul do Rodoanel Mário
Covas é uma das obras que passaram a ser investigadas na segunda fase da operação.
A primeira etapa teve como
foco supostos crimes de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de dólares para o exterior
cometidos por executivos da
empresa- quatro diretores já
foram denunciados à Justiça.
Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" publicada ontem, o delegado da
PF Otavio Margornari Russo
anexou ao relatório documento
que cita 208 obras e contratos
da Camargo Corrêa entre 1995
e 1998 e relaciona supostos repasses em favor de políticos e
servidores. Um deles é o secretário municipal de São Paulo
Walter Feldman (PSDB-SP),
que aparece associado a
US$ 5.000 mensais de janeiro a
dezembro de 1996 e a outros
US$ 20 mil, de 1998.
Há ainda referências a "Palácio Band" (US$ 45 mil em
1996), ao chefe da Casa Civil
paulista, Aloysio Nunes Ferreira (US$ 15.780 em 1998), ao ex-senador Gilberto Miranda
(US$ 50 mil em 1995), à Companhia Energética de São Paulo
(US$ 2.389.927 em 1997) e às
siglas PMDB, PFL (DEM),
PSDB, PPB (PP) e PTB.
O advogado Celso Villardi,
que defende a construtora, disse que ainda não teve acesso ao
relatório e afirmou "lamentar"
o vazamento para a imprensa.
Feldman disse que vai protocolar na PF um pedido de informações sobre o caso. "Não tenho de dúvida que são os primeiros sinais de um processo
político que se avizinha", afirmou. Aloysio disse que todas as
doações que recebe são legais.
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