São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Construtora fez doações ilegais, diz PF

Camargo Corrêa deu repasses "por fora" a políticos e partidos, sugere documento

Secretários da cidade e do Estado de SP aparecem como beneficiários, mas negam; relatório final da Castelo de Areia será enviado à Justiça


DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal concluiu a segunda fase da Operação Castelo de Areia e apontou em um relatório indícios de doações ilegais feitas pela construtora Camargo Corrêa a políticos e superfaturamento em várias obras públicas pelo país.
O trabalho da PF poderá resultar em um nova denúncia do Ministério Público na semana que vem e no desmembramento das apurações para os tribunais superiores em Brasília, onde os políticos têm foro privilegiado para serem investigados.
Com base em laudos produzidos pelo Instituto Nacional de Criminalística, a Procuradoria também poderá pedir a abertura de novos inquéritos nos Estados em que as obras com indícios de sobreço foram executadas. A construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas é uma das obras que passaram a ser investigadas na segunda fase da operação.
A primeira etapa teve como foco supostos crimes de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de dólares para o exterior cometidos por executivos da empresa- quatro diretores já foram denunciados à Justiça.
Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" publicada ontem, o delegado da PF Otavio Margornari Russo anexou ao relatório documento que cita 208 obras e contratos da Camargo Corrêa entre 1995 e 1998 e relaciona supostos repasses em favor de políticos e servidores. Um deles é o secretário municipal de São Paulo Walter Feldman (PSDB-SP), que aparece associado a US$ 5.000 mensais de janeiro a dezembro de 1996 e a outros US$ 20 mil, de 1998.
Há ainda referências a "Palácio Band" (US$ 45 mil em 1996), ao chefe da Casa Civil paulista, Aloysio Nunes Ferreira (US$ 15.780 em 1998), ao ex-senador Gilberto Miranda (US$ 50 mil em 1995), à Companhia Energética de São Paulo (US$ 2.389.927 em 1997) e às siglas PMDB, PFL (DEM), PSDB, PPB (PP) e PTB.
O advogado Celso Villardi, que defende a construtora, disse que ainda não teve acesso ao relatório e afirmou "lamentar" o vazamento para a imprensa.
Feldman disse que vai protocolar na PF um pedido de informações sobre o caso. "Não tenho de dúvida que são os primeiros sinais de um processo político que se avizinha", afirmou. Aloysio disse que todas as doações que recebe são legais.


Texto Anterior: Envolvidos já foram denunciados por corrupção
Próximo Texto: Ministro elogia ação contra civis no caso Perus
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.