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Artigo de Benjamin é "loucura", diz Lula
Ministros criticam editor por versão segundo a qual ouviu de Lula que tentou "subjugar" companheiro de cela em 1980
Segundo Gilberto Carvalho, presidente está "triste e abatido'; Franklin Martins diz que texto "é um lixo" e critica Folha por publicá-lo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA EM CAMPINAS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como
"loucura" o episódio narrado
em artigo do editor e ex-petista
César Benjamin publicado ontem na Folha. No texto "Os Filhos do Brasil", Benjamin relata conversa de 1994 em que Lula teria dito, num contexto sexual, que tentou "subjugar" um
colega de cela quando esteve
preso em 1980.
O chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, criticou Benjamin e a Folha, por
publicar o texto. "O presidente
está triste, abatido e sem entender [o motivo das declarações]. Ele falou que isso é uma
loucura", disse. "Nos estranha
muito a Folha ter publicado isso. É coisa de psicopata, para
nós, é uma coisa que só pode
ser explicada como psicopatia."
Carvalho disse que o governo
não irá procurar Benjamin "em
hipótese alguma" e também
descartou que o presidente
processe o ex-petista. "Vamos
nos sujar fazendo isso. Quando
a coisa é séria, nós reagimos,
mas, nesse caso, quando não é
[ignoramos]", disse.
O chefe de gabinete disse que
conversou ontem com Paulo de
Tarso Santos, publicitário que,
segundo Benjamin, também
teria presenciado o relato de
Lula. De acordo com Carvalho,
o publicitário disse: "Não dá
para entender o que deu na cabeça desse menino [Benjamin]". Paulo de Tarso também
divulgou nota sobre o episódio.
O ministro da Comunicação
Social, Franklin Martins, afirmou que o artigo é "um lixo,
um nojo, de quem escreveu e
de quem publicou", numa referência à Folha.
O ministro Paulo Vannuchi,
da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, também criticou o artigo de Benjamin e a
decisão do jornal de publicá-lo.
"A Folha passou completamente do limite. Não tem o
menor sentido fazer uma matéria desta. É um negócio que
não tem a menor veracidade.
Usar uma palavra ou outra de
baixo calão, vá lá, agora uma
história de, "ah, um menino do
MEP", é uma coisa nojenta",
disse o ministro, em Campinas.
Vanucchi afirmou que, em
30 anos de convivência com o
presidente, nunca ouviu falar
da história. "É uma coisa que,
pessoas como eu, que trabalham com o presidente há 30
anos, se tivesse alguma coisa
nesse sentido, isso já teria aparecido. Essa coisa é nojenta,
vinda de uma cara que conviveu com o presidente durante
algumas semanas de campanha, ressentido, magoado."
E prosseguiu: "Isso é uma
coisa terrível para a biografia
do César Benjamin, não é para
a do Lula. É uma pessoa com
quem eu divirjo, mas nunca fiz
nenhum comentário negativo".
No Twitter, o ministro Paulo
Bernardo (Planejamento) criticou a publicação do artigo. "Sobre o artigo que a Folha publicou, contra Lula: quem mais
publicaria uma coisa dessas?
Ou contra quem mais a Folha
publicaria?", postou.
Segundo o artigo de Benjamin, na campanha de 1994, Lula contou o episódio depois de
perguntar sobre o período em
que esteve na prisão: ""Você esteve preso, não é Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns
ano"'", respondeu Benjamin,
ao que Lula continuou, segundo o texto: "Eu não aguentaria.
Não vivo sem boceta".
Em seguida, segundo o artigo, Lula passou a narrar como
havia tentado "subjugar" outro
preso nos 30 dias em que ficara
detido. "Chamava-o de "menino do MEP", em referência a
uma organização de esquerda
que já deixou de existir. Ficara
surpreso com a resistência do
"menino", que frustrara a investida com cotoveladas e socos",
escreveu César Benjamin.
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