São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Artigo de Benjamin é "loucura", diz Lula

Ministros criticam editor por versão segundo a qual ouviu de Lula que tentou "subjugar" companheiro de cela em 1980

Segundo Gilberto Carvalho, presidente está "triste e abatido'; Franklin Martins diz que texto "é um lixo" e critica Folha por publicá-lo


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA EM CAMPINAS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como "loucura" o episódio narrado em artigo do editor e ex-petista César Benjamin publicado ontem na Folha. No texto "Os Filhos do Brasil", Benjamin relata conversa de 1994 em que Lula teria dito, num contexto sexual, que tentou "subjugar" um colega de cela quando esteve preso em 1980.
O chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, criticou Benjamin e a Folha, por publicar o texto. "O presidente está triste, abatido e sem entender [o motivo das declarações]. Ele falou que isso é uma loucura", disse. "Nos estranha muito a Folha ter publicado isso. É coisa de psicopata, para nós, é uma coisa que só pode ser explicada como psicopatia."
Carvalho disse que o governo não irá procurar Benjamin "em hipótese alguma" e também descartou que o presidente processe o ex-petista. "Vamos nos sujar fazendo isso. Quando a coisa é séria, nós reagimos, mas, nesse caso, quando não é [ignoramos]", disse.
O chefe de gabinete disse que conversou ontem com Paulo de Tarso Santos, publicitário que, segundo Benjamin, também teria presenciado o relato de Lula. De acordo com Carvalho, o publicitário disse: "Não dá para entender o que deu na cabeça desse menino [Benjamin]". Paulo de Tarso também divulgou nota sobre o episódio.
O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, afirmou que o artigo é "um lixo, um nojo, de quem escreveu e de quem publicou", numa referência à Folha.
O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, também criticou o artigo de Benjamin e a decisão do jornal de publicá-lo.
"A Folha passou completamente do limite. Não tem o menor sentido fazer uma matéria desta. É um negócio que não tem a menor veracidade. Usar uma palavra ou outra de baixo calão, vá lá, agora uma história de, "ah, um menino do MEP", é uma coisa nojenta", disse o ministro, em Campinas.
Vanucchi afirmou que, em 30 anos de convivência com o presidente, nunca ouviu falar da história. "É uma coisa que, pessoas como eu, que trabalham com o presidente há 30 anos, se tivesse alguma coisa nesse sentido, isso já teria aparecido. Essa coisa é nojenta, vinda de uma cara que conviveu com o presidente durante algumas semanas de campanha, ressentido, magoado."
E prosseguiu: "Isso é uma coisa terrível para a biografia do César Benjamin, não é para a do Lula. É uma pessoa com quem eu divirjo, mas nunca fiz nenhum comentário negativo".
No Twitter, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) criticou a publicação do artigo. "Sobre o artigo que a Folha publicou, contra Lula: quem mais publicaria uma coisa dessas? Ou contra quem mais a Folha publicaria?", postou.
Segundo o artigo de Benjamin, na campanha de 1994, Lula contou o episódio depois de perguntar sobre o período em que esteve na prisão: ""Você esteve preso, não é Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns ano"'", respondeu Benjamin, ao que Lula continuou, segundo o texto: "Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta".
Em seguida, segundo o artigo, Lula passou a narrar como havia tentado "subjugar" outro preso nos 30 dias em que ficara detido. "Chamava-o de "menino do MEP", em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do "menino", que frustrara a investida com cotoveladas e socos", escreveu César Benjamin.


Texto Anterior: Pará: Acusado de matar religiosa vai a júri popular pela terceira vez
Próximo Texto: Cineasta diz que foi "brincadeira'; citados dizem "não se lembrar"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.