São Paulo, terça-feira, 28 de dezembro de 2004

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INVESTIGAÇÃO

Delegado diz que operação investiga crime contra o sistema financeiro

PF faz perseguição religiosa, diz pastor

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O presidente da Igreja Assembléia de Deus no Amazonas, pastor Jonathás Câmara, classificou ontem como "perseguição religiosa" a operação de busca e apreensão de documentos promovida pela Polícia Federal.
Durante a operação, na quinta-feira, agentes federais apreenderam computadores, livros de contabilidade, extratos bancários e de cartões de crédito nos escritórios de três estabelecimentos coordenados pela igreja.
"Eles [agentes] chegaram com muita arrogância para cumprir os mandados. Disse a eles que podiam ver o que quisessem, pois não tinha nada a temer. É [a operação] uma perseguição religiosa que nos causa estranheza", disse o pastor. Existem 729 templos no Amazonas e mais de 350 mil fiéis.
Segundo a PF, a operação determinada pelo juiz federal Bruno Silveira foi um desdobramento das investigações das operações Farol da Colina e CPI do Banestado, que investigam lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos para o exterior.
A Farol da Colina aconteceu em agosto. Até hoje continuam presos quatro doleiros acusados de movimentar, na agência nova-iorquina do Banestado, US$ 663 milhões. Em Manaus, os doleiros são sócios da casa de câmbio Cortez. Documentos apreendidos na casa de câmbio e em mais duas empresas dos doleiros levaram a PF a abrir mais de cem inquéritos no Amazonas. Alguns deles são referentes a gestores da igreja, abertos no dia 2 de dezembro.
Ontem, o delegado Sérgio Fontes disse que os inquéritos relacionados a gestores da igreja investigam crimes contra o sistema financeiro. "A operação foi necessária e autorizada judicialmente, todos têm que se submeter às leis. A acusação de perseguição religiosa não tem fundamento."
O presidente da Igreja Assembléia de Deus do Amazonas é irmão do deputado federal Silas Câmara (PTB-AM). O deputado disse que desconhecia a operação da PF na instituição. Jonathás Câmara negou ter contas no exterior.


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