São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

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GIRO INTERNACIONAL

Lula e Chirac devem assinar documento oficial em Genebra

França vai apoiar fundo antipobreza

GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A NOVA DÉLI

O Brasil e a França devem assinar amanhã em Genebra, na Suíça, o primeiro documento oficial referente à criação do Fundo Internacional de Combate à Pobreza. A declaração, que vai dar apenas as linhas gerais do fundo, servirá de base para que os signatários e o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, consigam atrair novos parceiros.
A informação é de Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais de Lula: "Queremos incorporar na agenda as questões sociais". Para ele, a inclusão do tema poderá até facilitar a atuação do G20 (grupo de países em desenvolvimento) na Organização Mundial do Comércio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou ontem a Índia -onde passou quatro dias- e rumou para Genebra (Suíça), onde tem encontros agendados com: o presidente francês, Jacques Chirac; o secretário-geral da ONU, Kofi Annan; dois ex-dirigentes do FMI, Michel Camdessus e Jacques de la Rosière; e empresários.
Garcia disse que, desde que Lula lançou a idéia, há um ano no Fórum Econômico Mundial, ainda não houve ação concreta. A declaração, ainda que vaga, pode ser o primeiro passo. O governo se animou pelo fato de o Reino Unido ser simpático à proposta.
O Brasil, afirma Garcia, não vai chegar à reunião com uma regra fechada sobre financiamento do fundo: "Isso poderá atrapalhar a adesão de outros países", disse. Há algumas propostas para custear a entidade, como a idéia de uma espécie de CPMF internacional proposta por Lula, que recebeu críticas de diversos organismos, como a União Européia.

Atração
O presidente Lula vai experimentar pela primeira vez, em Genebra, uma nova estratégia da sua política externa: a atração de investimentos por parte de grandes empresas estrangeiras.
A maior novidade é que o próprio Lula participará das reuniões com presidentes de multinacionais da Coréia, China e Europa. Os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) também estarão presentes aos encontros. Celso Amorim (Relações Exteriores), Walfrido Mares Guia (Turismo) e Guido Mantega (Planejamento), que integraram a comitiva presidencial na Índia, estão escalados para a reunião.
Já foram confirmadas reuniões com executivos da Telefónica e da Nestlé. Lula participará de uma reunião plenária com representantes de 220 empresas, das quais 50 são multinacionais. A idéia de aproximar Lula de grandes empresários foi idealizada pelo Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty. "A idéia é expor mais o Lula para que ele fale e ouça mais os grandes empresários", disse o embaixador Mário Vilalva, diretor do departamento.
Da mesma forma como fez na Índia, Lula dirá aos empresários que o Brasil é um país seguro para investimentos e que o governo busca parcerias com o setor privado para a construção de obras de infra-estrutura. A ferramenta para isso será a Parceria Público-Privada (PPP), que cria instrumentos para assegurar o cumprimento dos contratos. A PPP ainda aguarda aprovação do Congresso, mas isso deverá ocorrer em breve.


Os jornalistas GABRIELA ATHIAS e JORGE ARAÚJO viajaram para Nova Déli, Agra e Mumbai ontem no avião da Presidência da República por falta de vôos comerciais que atendessem as cidades em tempo hábil para acompanhar o deslocamento do presidente.


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