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GIRO INTERNACIONAL
Lula e Chirac devem assinar documento oficial em Genebra
França vai apoiar fundo antipobreza
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A NOVA DÉLI
O Brasil e a França devem assinar amanhã em Genebra, na Suíça, o primeiro documento oficial
referente à criação do Fundo Internacional de Combate à Pobreza. A declaração, que vai dar apenas as linhas gerais do fundo, servirá de base para que os signatários e o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, consigam atrair novos parceiros.
A informação é de Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos
internacionais de Lula: "Queremos incorporar na agenda as
questões sociais". Para ele, a inclusão do tema poderá até facilitar
a atuação do G20 (grupo de países
em desenvolvimento) na Organização Mundial do Comércio.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deixou ontem a Índia -onde passou quatro dias- e rumou
para Genebra (Suíça), onde tem
encontros agendados com: o presidente francês, Jacques Chirac; o
secretário-geral da ONU, Kofi
Annan; dois ex-dirigentes do
FMI, Michel Camdessus e Jacques
de la Rosière; e empresários.
Garcia disse que, desde que Lula
lançou a idéia, há um ano no Fórum Econômico Mundial, ainda
não houve ação concreta. A declaração, ainda que vaga, pode ser o
primeiro passo. O governo se animou pelo fato de o Reino Unido
ser simpático à proposta.
O Brasil, afirma Garcia, não vai
chegar à reunião com uma regra
fechada sobre financiamento do
fundo: "Isso poderá atrapalhar a
adesão de outros países", disse.
Há algumas propostas para custear a entidade, como a idéia de
uma espécie de CPMF internacional proposta por Lula, que recebeu críticas de diversos organismos, como a União Européia.
Atração
O presidente Lula vai experimentar pela primeira vez, em Genebra, uma nova estratégia da sua
política externa: a atração de investimentos por parte de grandes
empresas estrangeiras.
A maior novidade é que o próprio Lula participará das reuniões
com presidentes de multinacionais da Coréia, China e Europa.
Os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Antonio
Palocci Filho (Fazenda) também
estarão presentes aos encontros.
Celso Amorim (Relações Exteriores), Walfrido Mares Guia (Turismo) e Guido Mantega (Planejamento), que integraram a comitiva presidencial na Índia, estão escalados para a reunião.
Já foram confirmadas reuniões
com executivos da Telefónica e da
Nestlé. Lula participará de uma
reunião plenária com representantes de 220 empresas, das quais
50 são multinacionais. A idéia de
aproximar Lula de grandes empresários foi idealizada pelo Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty. "A idéia é
expor mais o Lula para que ele fale
e ouça mais os grandes empresários", disse o embaixador Mário
Vilalva, diretor do departamento.
Da mesma forma como fez na
Índia, Lula dirá aos empresários
que o Brasil é um país seguro para
investimentos e que o governo
busca parcerias com o setor privado para a construção de obras de
infra-estrutura. A ferramenta para isso será a Parceria Público-Privada (PPP), que cria instrumentos para assegurar o cumprimento dos contratos. A PPP ainda
aguarda aprovação do Congresso,
mas isso deverá ocorrer em breve.
Os jornalistas GABRIELA ATHIAS e JORGE ARAÚJO viajaram para Nova Déli,
Agra e Mumbai ontem no avião da Presidência da República por falta de vôos comerciais que atendessem as cidades em
tempo hábil para acompanhar o deslocamento do presidente.
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