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Em 4 anos, patrimônio de Chinaglia aumenta 179%
Evolução é muito maior que a de Aldo (46%) e Fruet (42%), seus rivais na Câmara
Bem mais valioso do petista,
participação em um posto
foi comprada em 2005, mas
seu nome não consta nem
na Junta nem em cartórios
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O patrimônio do deputado
federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), 57, candidato a presidente
da Câmara dos Deputados,
cresceu 179% entre 2002 e
2006, já descontada a inflação.
Entre os três candidatos, foi de
longe o que teve melhor desempenho - Aldo Rebelo (PC do B-SP) anotou 45,6% e Gustavo
Fruet (PSDB-PR), 41,5%.
Em valores nominais, Chinaglia saltou de R$ 157,4 mil, em
2002, para R$ 607,8 mil em junho de 2006. Foi o maior aumento real entre os três deputados em valor absoluto.
Por e-mail, Chinaglia disse
que seu patrimônio teve "um
aumento de R$ 387,1 mil" entre
o final de 2002 e final de 2005
(a declaração entregue à Justiça Eleitoral é de julho de 2006).
Segundo o deputado, os seus
rendimentos no mesmo período foram de "R$ 774,1 mil".
Pelos números do deputado,
ele teria que ter poupado aproximadamente mais da metade
do salário líquido (na Câmara,
são R$ 12,9 mil brutos).
De 2002 a 2006, o patrimônio do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva cresceu 59% fora a
inflação -um terço do aumento de Chinaglia. O Planalto diz
que Lula consegue economizar
seu salário porque o cargo banca as despesas pessoais.
Parlamentares, como Chinaglia, não têm o mesmo privilégio. O desempenho do petista
foi expressivo entre 2002 e
2006, mas mínimo entre 1998 e
2002. Passou de R$ 123,3 mil
para R$ 157,4 mil. Considerando a inflação do período, o deputado pode até ter perdido patrimônio no mandato anterior.
Uma pequena parte do crescimento de 2006, R$ 29 mil, é
justificada pela atualização do
valor de um apartamento. Descontado esse valor, o crescimento real ainda fica em 168%.
Numa curta e única entrevista à Folha sobre o assunto, na
última sexta, Chinaglia disse
que nos últimos quatro anos
não obteve nenhum ganho adicional com herança ou indenização nem obteve outro tipo de
renda. Viveu apenas do salário.
"Estou começando a fazer o
levantamento de quanto recebi
líquido. Posso depois olhar
com precisão. Nesses quatro
anos, se as informações estão
corretas, recebi líquido mais de
600 e tantos mil reais. Tem a
ver, então, com quanto gastei
ou não gastei", disse Chinaglia,
que deixou a resposta pela metade e, no sábado, enviou um e-mail (leia texto abaixo).
O bem mais valioso de Chinaglia foi adquirido em 2005.
Ele se tornou dono de metade
de um posto de gasolina em
Osasco (SP), embora a propriedade não esteja registrada em
seu nome na Junta Comercial
ou em cartórios da cidade.
Chinaglia informou à Justiça
Eleitoral ter R$ 150 mil em "sociedade em conta de participação", mas não especificou o negócio. Ele assinou um instrumento particular sem registro
formal com o candidato derrotado ao governo paulista em
2006 pelo PSDC, Antônio da
Cunha Lima, ex-deputado federal, que tem outros quatro
postos em São Paulo.
Advogados consultados pela
reportagem, ligados tanto ao
PT quanto ao PSDB, disseram
que a falta de registro em cartório ou Junta Comercial da propriedade do posto, em tese, não
configura ilegalidade. Mas observaram que a transparência
foi prejudicada.
Na declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral, Chinaglia escreveu manter R$ 150 mil em "sociedade em cota de
participação" com Lima, mas
não especificou o objetivo da
sociedade nem identificou corretamente o ex-deputado.
Cunha Lima é citado apenas
nominalmente na declaração,
sem qualquer outra identificação adicional, como o número
de CPF (Cadastro de Pessoa Física). Localizado pela Folha
após uma pesquisa com cinco
homônimos, o ex-parlamentar
disse que Chinaglia pagou sua
participação no Auto Posto
Chicão à vista, em cheque.
Indagado se, no registro da
empresa na Junta Comercial,
Chinaglia aparece como dono,
Cunha Lima negou. Segundo
ele, o dono da empresa, no papel, é sua holding ADCL Distribuidora de Combustíveis.
"Não, não é. Na Junta sou eu e
uma empresa minha. Por cota
de participação, ele [Chinaglia]
é dono daquele negócio [específico da holding]", afirmou.
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