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TSE reinicia
a apuração do
caso do dossiê
JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tribunal Superior Eleitoral retoma na quinta-feira
a investigação judicial aberta
no ano passado contra Lula.
Tenta-se apurar se houve
abuso de poder econômico e
de autoridade no caso da tentativa de compra de um dossiê contra os tucanos José
Serra e Geraldo Alckmin.
Aberta em 19 de setembro,
a pedido da coligação PSDB-PFL, a apuração teve de ser
interrompida em dezembro,
por conta do recesso do Judiciário. De volta ao trabalho
nesta semana, o corregedor-geral eleitoral do TSE, ministro Cesar Asfor Rocha, que
cuida do caso, irá notificar os
acusados, para que apresentem defesa por escrito.
Encontram-se sob investigação, além de Lula, o ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça); Ricardo Berzoini,
presidente do PT; e os petistas que se envolveram no
dossiegate, chamados por
Lula de "aloprados".
O ministro Asfor Rocha informou, na sexta-feira, que,
além da notificação aos acusados, vai intimar as testemunhas arroladas no processo. Serão inquiridas pessoalmente. A lista inclui, entre
outros, o procurador Mário
Lúcio Avelar; o diretor-geral
da PF, Paulo Lacerda, e o delegado Edmilson Bruno, que
divulgou, às vésperas do primeiro turno da eleição, as fotos do dinheiro (R$ 1,7 milhão) para comprar o dossiê.
A investigação do TSE foi
retardada graças a um recurso da coligação PSDB-PFL.
Ao abrir o processo, Asfor
Rocha requisitara à PF cópias dos documentos produzidos na apuração. Para evitar vazamentos, determinou
que os dados fossem protegidos pelo segredo de justiça.
PSDB e PFL pediram que
os dados fossem abertos. Asfor Rocha negou. Os partidos
agravaram a decisão. Instado
a manifestar-se, o pleno do
TSE decidiu, por cinco votos
contra dois, derrubar o sigilo.
Diante da decisão, os advogados dos acusados, que já
haviam apresentado suas defesas, pediram novo prazo.
Alegaram que, à luz dos dados enviados pela PF, poderiam apresentar novos elementos de defesa. Asfor Rocha assentiu. E o desfecho do
processo teve de ser adiado.
Nesse meio tempo, a PF
concluiu o inquérito criminal. Lula e Berzoini foram
isentados. Entre os aloprados, indiciaram-se só três:
Valdebran Padilha, Gedimar
Passos e Hamilton Lacerda.
Falando "em tese", o ministro disse que, em caso de
culpa, a lei não prevê apenas
a cassação do diploma ou a
perda do mandato. Há outras
penas, mais brandas, que ele
não especificou.
O advogado que representa o presidente Lula no TSE
argumenta que, pela jurisprudência do tribunal, o abuso só se configura se ficar
comprovado que o candidato
se beneficiou dele, o que não
teria ocorrido no dossiegate.
Josias de Souza escreve o blog "Nos Bastidores do Poder" em
www.folha.com.br/blogs/josiasdesouza
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