São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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Comissão pede que CGU investigue ministra

Matilde Ribeiro usou cartão corporativo do governo para compras no free shop

Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) começa hoje a recolher assinaturas para formar CPI para investigar o uso de cartões corporativos

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reunida ontem em Brasília, a Comissão de Ética Pública decidiu pedir à CGU (Controladoria-Geral da União) que investigue as compras feitas pela ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) em um free shop com cartão corporativo do governo federal.
"Chegamos à conclusão preliminar de que o assunto, ao menos em primeira instância, deve ser examinado pela CGU, pelas implicações potenciais que pode ter", afirmou o presidente da comissão, Marcílio Marques Moreira, acrescentando: "no caso dela, nós achamos que pode haver complicações legais e, ao contrário de nós, a CGU tem capacidade de investigação".
Questionado especificamente se o caso pode configurar algo mais grave do que um problema ético, ele respondeu: "pode vir a ser".
A Comissão de Ética não pediu, como fez em outros casos, explicações diretamente à ministra e preferiu transferir o caso à CGU mesmo depois que a própria ministra admitiu o "engano". Em outubro de 2007, a ministra pagou despesa de R$ 461,16 em um free shop. Alertada pelo ministério, ela reconheceu o "engano" e afirmou ter ressarcido o valor à União, três meses depois da compra.
Ontem, Moreira evitou se posicionar a respeito das suspeitas envolvendo a ministra. Mas questionado, de forma genérica se seria antiético gastar dinheiro público para proveito próprio, ele afirmou: "Se é isso, é antiético".
O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) começa hoje a recolher assinaturas para formar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o uso de cartões corporativos pelo governo federal. "Há um desvirtuamento do uso de cartões. Não há critérios objetivos para os fins a que servem os cartões, nem sobre quem fiscaliza", afirma.

Lupi
A Comissão de Ética está no centro de uma polêmica desde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ignorou, há mais de um mês, a recomendação para que o ministro Carlos Lupi (Trabalho) opte entre a presidência do PDT e o cargo público. O ministro continua ocupando os dois cargos. Ontem, o assunto não foi tratado na reunião, mas Moreira voltou a cobrar uma posição sobre o caso. "Estamos esperando uma decisão que se inspire na ética da administração pública", ele disse.
O embate com Lupi pode colocar em jogo o futuro da comissão. Enquanto Lula não decide, o pedetista dá declarações quase semanais em que desafia a comissão e reitera que não deixará nenhum dos cargos. A Comissão também reiterou ontem os cuidados de autoridades federais ao aceitarem convites para camarotes no Carnaval. Moreira disse ver problemas éticos caso funcionários aceitarem convites de empresas privadas.


Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal de Brasília


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