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Jobim estuda órgão unificado de compras
Decisão pode gerar resistência nas Forças Armadas; hoje cada uma delas tem um sistema próprio
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A PARIS
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, estuda o modelo francês e pretende criar um órgão
unificado de compras de equipamentos militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, o que pode gerar resistências das Forças Armadas. Hoje,
cada uma delas tem seu próprio
sistema de definição de projetos e de encomendas.
Ontem, Jobim ouviu exposição de quase uma hora e meia
de representantes da DGA (Delegação Geral de Armamento),
órgão vinculado ao Ministério
da Defesa e responsável pela
definição das compras na área
de defesa da França, que tem
uma das mais poderosas indústrias militares do mundo.
O ministro fez várias perguntas e, no final, pediu textos escritos detalhando o funcionamento do órgão, que gere orçamento anual de cerca de 10 bilhões de euros e 18 milhões de
empregados em setores governamentais e privados.
Durante a exposição, que foi
no auditório da Embaixada do
Brasil em Paris, o comandante
da Marinha, almirante Júlio
Soares de Moura Neto -o único dos três comandantes que
acompanha a viagem de Jobim-, perguntou se quem determina os equipamentos a serem comprados é o DGA ou o
Estado-Maior de cada Força.
O representante do órgão,
um oficial, explicou que é o
DGA, com aprovação do ministro da Defesa e do presidente da
República. No final do encontro, a Folha perguntou ao almirante o que ele achava da idéia
e ele respondeu: "Eu não sei
nada disso. Ninguém me falou
nada a respeito".
Segundo Jobim, a intenção
não é recriar o Estado-Maior
das Forças Armadas, que existiu antes da criação do Ministério da Defesa: "A idéia é um órgão exclusivamente para a
compra de armamento", disse.
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