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Presidente do Rural culpa dirigentes mortos
Kátia Rabello diz que o publicitário Marcos Valério agia como intermediário entre banco e José Dirceu
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
A presidente do Banco Rural,
Kátia Rabello, 36, procurou ontem, em seu interrogatório no
processo do mensalão, atribuir
eventuais crimes na gestão do
banco a dirigentes já mortos da
instituição. Nas considerações
finais, a banqueira pediu para
ser registrado que "é extremamente injusto imputar às pessoas que ficaram [na gestão do
banco] e tentaram administrar
aquele legado, qualquer ônus
pelo que foi feito no passado".
Ela se referia às mortes, de
1999 a 2005, de três membros
da cúpula do Rural -sua irmã e
presidente, Junia Rabello, o vice-presidente, José Augusto
Dumont, e seu pai e fundador
do banco, Sabino Rabello.
Ao longo do interrogatório,
Rabello já havia citado Dumont
como responsável pelos contatos políticos do banco. Disse,
por exemplo, que só soube que
os empréstimos a Marcos Valério no Rural tinham como destino o PT após a morte do dirigente, em abril de 2004.
Rabello confirmou, contudo,
que ela passou a ser a interlocutora de Valério no banco após a
morte de Dumont. Afirmou
também ter sido ela, quando
superintendente de marketing
do Rural, que contratou a agência SMPB, então de Valério, para atender a conta do banco.
Disse que Valério agia apenas
como intermediário entre o
Rural e o ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu. "Ele nos informava da disponibilidade da
agenda do ex-ministro."
Rabello procurou explicar o
termo "facilitador", que usou
em 2005 para descrever Valério -a expressão foi empregada
pois ele conhecia meandros da
liqüidação do Banco Mercantil
de Pernambuco, de interesse
do banco junto ao governo.
A banqueira citou três encontros com Dirceu. Um entre
Sabino Rabello e o ex-ministro,
em 2003; outro entre ela, Valério, Dirceu e Dumont, em data
não especificada; e um jantar
entre ela, Dirceu e um assessor
dela, em agosto de 2004. Os
dois primeiros ocorreram no
Palácio do Planalto e o último,
em um hotel da capital mineira.
Rabello diz que tratou com
Dirceu apenas da liqüidação do
Mercantil, do qual o Rural é sócio minoritário e tentava suspender sua liqüidação. Disse
ainda que, para o Rural, os beneficiários dos saques feitos pela SMPB, de Valério, sempre foram a própria agência de publicidade, e que o banco nunca
omitiu nome de sacadores.
Ela afirmou que "jamais participou" da concessão dos empréstimos que Valério repassou ao PT, e disse ter atuado somente em duas votações de renovação de empréstimo do
banco ao PT, manifestando-se
a favor da renovação. "Banco
vive de emprestar dinheiro."
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