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Estresse pode levar a crise pessoas sem hipertensão
Sobrepeso, má alimentação e privação de sono também são fatores de risco
Metade da população brasileira com mais de 60 anos sofre de hipertensão; a doença é responsável por 50% dos infartos no país
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma reunião de fatores de
risco, como sobrepeso, estresse, privação de sono e má alimentação, pode desencadear
uma crise de pressão alta em
pessoas que não sofrem de hipertensão arterial.
Crises desse tipo, no entanto,
são muito mais comuns em pacientes com a doença estabelecida, explica o cardiologista
Marcus Bolivar Malachias, presidente do Departamento de
Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
"O presidente Lula pode ter
sofrido um conjunto de problemas, como idade, má alimentação, privação de sono e estresse, que contribuíram para a crise. Mesmo que tenha pressão
normal, é compreensível a elevação nesse caso", diz o médico.
O estresse é um dos principais desencadeantes da elevação aguda da pressão arterial.
Durante o momento de tensão,
vários hormônios são disparados na corrente sanguínea, entre eles a adrenalina e o cortisol. Essas substâncias têm ação
vasoconstritora (favorecem a
contração das artérias), o que
pode aumentar a pressão.
"Parece-me que o estresse foi
o grande problema. O presidente iria a Davos receber um prêmio. Mesmo sendo um estresse
agradável, pode mexer com a
pressão. Agora, se os exames
mostrarem que ele tem pressão
alta, a crise pode ter ocorrido
por excesso de sal, sedentarismo e consumo de álcool", diz
Décio Mion, chefe da Unidade
de Hipertensão do Hospital das
Clínicas de São Paulo.
O longo voo até Davos não
traria, isoladamente, riscos
maiores ao presidente. "As cabines mantêm um nível mais
baixo, mas adequado de pressão e oxigênio. Mas poderia ser
um fator complementar", pondera Malachias. No caso, o
principal risco seria manter a
pressão muito alta durante
muito tempo até obter socorro.
"Uma pressão arterial de 180
mmHg x 120 mmHg é alta mesmo. Não convém uma pessoa
pessoa ficar com essa pressão
por muito tempo, pois pode haver consequências [em outros
órgãos, como coração, cérebro
e rins]", diz Mion.
O controle da crise é feito
com remédios e com a eliminação dos fatores desencadeantes. São indicados repouso, readequação alimentar e mudanças de outros hábitos que podem ter disparado o evento.
Doença frequente
Acima dos 60 anos, metade
da população brasileira sofre de
hipertensão. A doença é responsável por 60% dos acidentes vasculares cerebrais e 50%
dos infartos, problemas cardiovasculares que mais matam no
Brasil -são cerca de 300 mil
mortes por ano.
O excesso no consumo de sal
é um dos fatores de risco controláveis da doença. A recomendação é de ingestão de 6 g
do ingrediente por dia. Pesquisas mostram que os brasileiros
consomem, em média, 12 g.
O sal favorece a retenção de
água, que gera aumento no volume do sangue e consequente
elevação a pressão do sangue.
"Além disso, é um potente
constritor, diminuindo a produção de óxido nítrico pela parede das artérias, que tem ação
dilatadora", diz Malachias.
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