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RIO
Sérgio Gomes, da Caci, diz ter sido apresentado a acusado no esquema PC no gabinete do chefe da Cehab
Diretor liga La Salvia a Eduardo Cunha
MARCELO BERABA
Diretor da Sucursal do Rio
O diretor da empresa de informática Caci, Sérgio Mauro Gomes, informou ontem que foi
apresentado a Jorge La Salvia,
acusado em vários processos de
ter participado do esquema PC,
no gabinete de Eduardo Cunha,
presidente da Cehab (Companhia
Estadual de Habitação) do governo Anthony Garotinho (PDT-RJ).
Cunha, que pertenceu ao PRN e
foi presidente da Telerj no período Collor, havia informado à Folha, na sexta-feira, que desde que
assumiu a Cehab não havia visto e
nem recebido La Salvia.
Gomes tem outra versão. "Eu
fui uma vez na Cehab entregar
um convite para a inauguração da
nossa filial em Brasília. Foi no gabinete do doutor Cunha, onde estavam quatro ou cinco pessoas e
uma destas me foi apresentada
como o senhor Jorge La Salvia."
Ainda segundo Eduardo Cunha, La Salvia vinha frequentando a Cehab por ser o representante da Caci em processos de licitações. Sérgio Mauro Gomes negou
inicialmente esta informação. Por
volta das 10h de ontem, por telefone, ele foi veemente e repetitivo
em suas negativas. Disse várias
vezes que La Salvia nunca representou a Caci.
No final da tarde, no entanto,
enviou um fax para a Folha em
que informava: "Em aditamento
ao contato telefônico mantido
nesta data, informo ter tomado
conhecimento que o sr. Jorge La
Salvia esteve atuando como Consultor da nossa empresa no processo de licitação nº 026/99 da Cehab-RJ. A divergência acerca da
posição informada anteriormente deve-se ao fato de ter sido o
mesmo contratado por outra diretoria."
A licitação da qual La Salvia teria participado está paralisada na
Justiça. Outra licitação ganha pela
Caci tem vários indícios de irregularidades. Foi uma licitação para regularizar 1.100 contratos de
financiamento habitacional junto
ao Fundo de Compensação de
Variações Salariais administrado
pela Caixa Econômica Federal.
Uma das supostas irregularidades diz respeito à data de assinatura do contrato da Cehab com a
Caci, 1º de novembro. Naquela
dada, a diretoria da Cehab ainda
discutia o que fazer com os contratos e não havia se definido por
nenhuma forma de licitação. O
assunto estava sendo estudado
pelo diretor financeiro, Marcos
Brandão, que havia tomado posse
dia 22 de outubro e a quem caberia, caso houvesse um contrato,
também assiná-lo. Brandão deixou a Cehab dia 2 de dezembro de
99 desconhecendo o documento.
Segundo Brandão, "se o contrato data de 1º de novembro, deve
ser uma montagem. Talvez para
prejudicar o próprio presidente
da empresa. Porque nesta data
ainda não havia qualquer decisão
sobre o que fazer para regularizar
os contratos com cláusula de
FCVS junto à Caixa Econômica
Federal. Estávamos estudando
várias soluções e, portanto, não
havia nem sequer sido feita qualquer licitação."
A Folha solicitou a Cunha cópia
do contrato. Ele informou inicialmente que enviaria a cópia. Mais
tarde, enviou uma carta em que
diz que, por determinação da Secretaria Executiva do gabinete do
governador, "não poderá haver liberação de quaisquer documentos sobre o assunto" nos próximos 30 dias, enquanto durar a
sindicância interna aberta ontem
para apurar a participação de La
Salvia na Cehab.
A Folha recebeu também ofício
da Cehab em que solicita cópia da
fita gravada pelo jornal com as secretárias do gabinete de Eduardo
Cunha em que fica claro que La
Salvia frequentava a empresa.
Cunha e La Salvia foram personagens importantes durante o governo Collor (15/3/90 a 2/ 10/92,
quando sofreu o impeachment).
Cunha era secretário da Executiva do PRN no Rio em 89, durante a eleição presidencial. Ele dirigiu a Telerj entre 15/2/91 e 20/4/
93, quando foi substituído, já no
governo Itamar Franco, por José
de Castro. Durante o Collorgate,
foi envolvido em pelo menos um
dos processos que investigou
contas fantasmas do esquema PC.
Ele conseguiu, no entanto, por
meio de acórdão da Primeira Turma do Tribunal Regional Federal,
o trancamento da ação em que
era réu junto com Jorge La Salvia
e outros 39.
La Salvia, argentino naturalizado brasileiro, responde a pelo menos quatro processos na Justiça
Federal oriundos do período Collor. Em um deles é um dos réus de
um processo sobre contas fantasmas e doleiros. Em outros três, é
acusado de sonegação fiscal com
a sua mulher -que é processada
em uma quarta ação.
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