São Paulo, sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

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Lula ironiza oposição por ir ao STF contra política social

Ele disse ainda que gostaria que Judiciário "metesse o nariz apenas nas coisas deles"

José Agripino, líder do DEM, questiona por que petista não lançou o programa Territórios da Cidadania em 2007, um ano não-eleitoral

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A QUIXADÁ (CE)

No evento do lançamento regional do programa de combate à pobreza rural Territórios da Cidadania em Quixadá (CE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou a oposição de tentar "impedir" o avanço das políticas sociais. Ao fim do dia, em Aracaju, não poupou o STF (Supremo Tribunal Federal), que julgará recurso da oposição contra suposto viés eleitoreiro desse programa.
Afirmou ainda que, neste ano eleitoral, o país será um "canteiro de obras" e sua agenda semanal terá apenas dois dias de trabalho em Brasília. "O restante é andando pelo país."
Lula rotulou de "fantástico" e "extraordinário" o fato de a oposição questionar na Justiça o novo programa, lançado nesta semana e que prevê investimentos de R$ 11,3 bilhões em 958 municípios. A oposição diz que o programa, com público-alvo de cerca de 7,8 milhões de pessoas e com nenhum recurso novo, tem caráter eleitoreiro.
Em entrevista, Lula completou: "Eu acho que é importante o povo saber que tem setores da oposição que estão entrando na Justiça para evitar que se faça política que deveriam ter feito quando governaram o Brasil. Vou continuar fazendo porque fui eleito para governar o país".
Mais tarde, em Aracaju, o presidente reagiu duramente a declarações de ministros do STF que consideram eleitoreiros alguns de seus programas sociais. "Seria tão bom se o poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas deles, o Legislativo [metesse o nariz] apenas nas coisas deles, e o Executivo [metesse o nariz] apenas nas coisas deles. Nós iríamos criar a harmonia estabelecida na Constituição", afirmou.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o PSDB nunca "manipulou recursos públicos para ganhar uma eleição". O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), disse que Lula está se fazendo de "vítima". "Estamos fazendo um questionamento sobre a oportunidade em que o programa é lançado. Por que não fez esse programa em 2007?"
O evento em Quixadá reuniu cerca de 2.000 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, numa praça de Quixadá, a 168 km de Fortaleza. Nele, Lula lançou o chamado território Sertão Central, formado por 12 municípios e com um público-alvo de 168,7 mil pessoas.
Quixadá é administrada pelo PT. No palanque, estavam o prefeito Ilário Marques, e o vice-prefeito, Cristiano Góes, pré-candidato a prefeito.
Na manhã de ontem, um carro de som da prefeitura atravessou a cidade convocando os moradores ao comício.
No discurso, ao se referir ao PAC, Lula voltou a dizer que "este país vai virar um canteiro de obras". "Já disse para minha assessoria: a partir de agora são dois dias [da semana] em Brasília e o resto andando pelo país, para que a gente possa ver as coisas acontecerem."
À tarde, em Fortaleza, Lula afirmou que os partidos da oposição derrubaram a CPMF para tentar impedir a continuidade de seu governo por mais tempo.
"Os nossos adversários, que vocês sabem quem é, um chamava-se PFL, agora ele se chama Democratas, o outro vocês já sabem quem é, eles derrotaram a CPMF, que era o imposto que a classe média brasileira e os ricos pagavam, porque pobre não trabalha com cheque", disse, para completar: "Eles tiraram do governo R$ 40 bilhões".


Colaborou a Agência Folha, em Aracaju


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