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Blitz em Alagoas liberta mais 550 trabalhadores de usinas
Força-tarefa encontrou empregados alojados em locais insalubres e sem água potável
"Os trabalhadores dormiam no chão, grudados um no outro, igual a uma cela superlotada", afirmou Luiz Carlos Cruz, do grupo móvel
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Em uma megablitz em usinas
de cana-de-açúcar em Alagoas,
uma força-tarefa do Ministério
Público do Trabalho e do grupo
móvel do Ministério do Trabalho encontrou mais de 550 trabalhadores em condições degradantes em Rio Largo, Marechal Deodoro e Cajueiro.
Na sexta-feira, já havia ocorrido uma operação na usina Laginha, do grupo João Lyra (candidato derrotado ao governo do
Estado pelo PTB e um dos
maiores usineiros do país), em
União dos Palmares. No início,
foram alcançadas 61 pessoas,
mas, como oito delas não moravam nos alojamentos, o número final de resgatados foi 53, segundo o grupo móvel.
No local, os fiscais dizem ter
encontrado trabalhadores sem
equipamentos de proteção, vivendo em alojamentos insalubres e sem água potável. Ontem, o corte da cana-de-açúcar
foi interditado pela Justiça.
Outra fiscalização também
envolveu um dos grandes grupos do Estado: o Toledo. Nas
usinas Capricho e Sumaúma,
cerca de 200 pessoas foram encontradas em alojamentos precários, de acordo com os fiscais.
"Com certeza, a situação ali
nos alojamentos era a pior de
todas, insuportável. Os trabalhadores dormiam no chão,
grudados um no outro, igual a
uma cela superlotada", afirmou
o subcoordenador do grupo
móvel, Luiz Carlos Cruz.
De acordo com o auditor, a
primeira operação no setor sucroalcooleiro no Nordeste
mostra que "não há como vender álcool para o exterior com
esse tipo de procedimento".
"Há descumprimento dos direitos humanos", afirma.
O álcool vendido pelo grupo
Toledo tem como principais
destinos a América do Norte, o
Japão e a Coréia.
Segundo o grupo móvel, uma
outra operação, na usina Santa
Clotilde, no município de Rio
Largo, também verificou 353
trabalhadores em condição degradante. Em razão de uma liminar, os contratos ainda não
foram rescindidos.
Os auditores-fiscais afirmam
que os quartos onde dormiam
os homens não tinham janelas
-apenas frisos na parte superior da parede-, as camas de cimento possuíam apenas espuma e só era fornecido feijão como alimento. De acordo com os
fiscais, os trabalhadores dizem
que se sentiam "humilhados",
como "escravos".
Nesta semana, várias usinas
de álcool e açúcar estão sendo
inspecionadas pela força-tarefa. A operação foi batizada pelo
Ministério Público do Trabalho
de "Zumbi dos Palmares".
Os resgates em Alagoas já
correspondem a 10% do total
de libertações feitas pelo grupo
móvel em todo o ano passado
(5.877). Em 2007, mais da metade das pessoas resgatadas em
condições degradantes ou análogas à escravidão no Brasil
(3.117) saíram de usinas de cana-de-açúcar.
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