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Ministra é "aloprada", afirma líder tucano
Arthur Virgílio cobra responsabilidade de Dilma; estratégia da oposição será evitar a CPI e convidá-la a depor em comissões
Renato Casagrande (PSB)
disse que a base defenderá a
petista e a assessora Erenice
Guerra enquanto não elas
caírem em contradição
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição acusou ontem a
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil) de ter comandado a operação para montagem do dossiê
com informações sobre gastos
sigilosos do governo Fernando
Henrique Cardoso e cobrou sua
demissão do cargo.
Da tribuna do Senado, o líder
do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), chamou a ministra de
"aloprada" e avisou que a oposição vai insistir em ouvi-la nem
que para isso seja necessário
criar uma nova CPI.
"Ela é aloprada. Aconteceu o
alopramento da ministra Dilma, para ficarmos na linguagem amena do presidente Lula.
O documento saiu da Casa Civil, das responsabilidades dela.
Se ela que cuida do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] não é capaz de cuidar
da Casa Civil, coitado do PAC."
A estratégia é convidar a ministra a depor em comissões do
Senado e da Câmara, já que a
base promete rejeitar na CPI
dos Cartões qualquer requerimento que convoque a ministra -o primeiro foi rejeitado-
ou a assessora Erenice Guerra.
"Eles [oposição] querem claramente eliminar todos os quadros políticos do PT e a ministra vem sofrendo ataques por
ser competente", afirmou o relator da CPI, deputado Luiz
Sérgio (PT-RJ). O deputado Vic
Pires (DEM-PA) protocolará
na segunda requerimento convocando Dilma e Erenice.
A presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS),
também decidiu buscar dados
para abastecer a comissão mesmo que extra-oficialmente.
A Folha revelou ontem que o
dossiê, ou, segundo o governo,
base de relatório de suprimento de fundos, foi montado na
Casa Civil sob coordenação de
Erenice, braço direito de Dilma, o que acirrou ânimos no
Congresso. O deputado Raul
Jungmann (PPS-PE) ingressou
com queixa-crime na PF para
que o fato seja investigado.
Para a oposição, a sindicância aberta pela ministra para
apurar o vazamento de informações foi uma farsa. "Ela
abriu a sindicância para investigar o que já sabia. Esse é o fato
grave. Estamos falando da candidata de Lula a presidente",
disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
Ele defende a abertura de nova
CPI, no Senado. "Não podemos
nos submeter a uma maioria
truculenta." O requerimento
está na Mesa da Casa.
Assessora
A oposição se disse surpresa
com o envolvimento de Erenice. Foi ela quem recebeu anteontem ex-ministros do governo FHC que foram ao Planalto pedir a abertura de seus
gastos. "Ela me disse olhando
nos meus olhos "é um fato grave, estou apurando, senador".
Depois, dei um abraço carinhoso nela", disse Virgílio.
Para a base, a oposição faz pirotecnia. "A Erenice tem que
continuar, sem dúvida nenhuma, até por sua competência",
disse o deputado Sílvio Costa
(PMN-PE). "Se fosse o governo
não tomaria providência nenhuma, ficaria calado como
resposta e ponto. Quem acusa é
que prove", disse o senador Almeida Lima (PMDB-AL).
O líder do PSB no Senado,
Renato Casagrande (ES), disse
que a base irá defender Dilma e
Erenice enquanto elas não caírem em contradição.
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