São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Norte e Nordeste receberam mais benefícios sociais

Prioridade a regiões onde pobreza é maior pode deixar de fora quem tem renda menor, mas vive em áreas mais ricas

Para ministério, demora de Estados como São Paulo e Rio a aderirem a programas sociais do governo pode explicar déficit de cobertura

DA SUCURSAL DO RIO

A maior cobertura dos programas é encontrada no Norte e no Nordeste, regiões onde a pobreza é proporcionalmente maior. Essa prioridade, no entanto, pode estar deixando de fora famílias de menor renda em Estados mais ricos.
As menores taxas de cobertura na população mais pobre (nesse caso, levando em conta um rendimento domiciliar per capita inferior a R$ 175) estão no Rio (22% da população mais pobre coberta), no Amapá (29%), em Santa Catarina (30%), em Mato Grosso (30%) e em São Paulo (31%).
As maiores coberturas dos programas nos estratos de menor renda estão em Roraima (81%), na Paraíba (67%), no Ceará (63%) e no Piauí (62%).
Analisando os números absolutos, o Estado com maior contingente de mais pobres descobertos de qualquer programa social é São Paulo, com quase 1 milhão (996 mil) de domicílios onde o IBGE não identificou residências com cobertura. Em seguida aparecem Bahia (685 mil), Minas (587 mil) e Rio (517 mil).
Como a linha de corte usada na comparação é a de R$ 175 de renda domiciliar per capita, é preciso considerar nessa análise que, entre os mais pobres em cada Estado, nem todos seriam elegíveis, por exemplo, ao Bolsa Família, que trabalha com uma linha de R$ 120 per capita.
Para Rosani Cunha, secretária de Renda da Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, a menor cobertura proporcional entre mais pobres em Estados mais ricos pode também ser um reflexo do fato de a cidade do Rio ter demorado a entrar no programa e de, em São Paulo, até hoje existir déficit na cobertura.
Ela diz, no entanto, que, desde que a pesquisa foi a campo -em setembro de 2006-, 1,5 milhão de famílias saiu e outro 1,5 milhão entrou nos programas do governo.

Perfil
A comparação do perfil da população coberta pelos programas sociais em comparação com o restante mostra que o nível de ocupação entre chefes de domicílio com recebimento de benefícios têm nível de ocupação superior aos demais. Entre beneficiados, a taxa de ocupação é de 77%. Entre os não-beneficiados, ela fica em 73,8%.
Quando se analisam todos os moradores do domicílio -e não apenas os chefes-, acontece o oposto: a ocupação entre beneficiados (de 52,1%) é inferior à dos que não recebem os benefícios (58,6%).
De acordo com Marcia Quintslr, coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, essa contradição é explicada porque em famílias mais pobres a dependência da renda do chefe de domicílio é maior.
Em quase todas as comparações, os indicadores socioeconômicos entre os beneficiados são piores. A renda média domiciliar per capita da população incluída no Bolsa Família, por exemplo, é de R$ 149, já incluindo nessa conta o valor recebido pelo programa. Na população que não recebe nenhum benefício, é de R$ 699.
O analfabetismo e o número médio de moradores por domicílio também são maiores entre os beneficiados.
Comparando 2004 com 2006, a existência de serviços ou bens como abastecimento de água, coleta de lixo, iluminação elétrica, geladeiras, máquinas de lavar roupa ou telefones no domicílio cresceu tanto nas residências beneficiadas quanto nas não beneficiadas.


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