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Norte e Nordeste receberam mais benefícios sociais
Prioridade a regiões onde pobreza é maior pode deixar de fora quem tem renda menor, mas vive em áreas mais ricas
Para ministério, demora de Estados como São Paulo e Rio a aderirem a programas sociais do governo pode explicar déficit de cobertura
DA SUCURSAL DO RIO
A maior cobertura dos programas é encontrada no Norte
e no Nordeste, regiões onde a
pobreza é proporcionalmente
maior. Essa prioridade, no entanto, pode estar deixando de
fora famílias de menor renda
em Estados mais ricos.
As menores taxas de cobertura na população mais pobre
(nesse caso, levando em conta
um rendimento domiciliar per
capita inferior a R$ 175) estão
no Rio (22% da população mais
pobre coberta), no Amapá
(29%), em Santa Catarina
(30%), em Mato Grosso (30%)
e em São Paulo (31%).
As maiores coberturas dos
programas nos estratos de menor renda estão em Roraima
(81%), na Paraíba (67%), no
Ceará (63%) e no Piauí (62%).
Analisando os números absolutos, o Estado com maior
contingente de mais pobres
descobertos de qualquer programa social é São Paulo, com
quase 1 milhão (996 mil) de domicílios onde o IBGE não identificou residências com cobertura. Em seguida aparecem Bahia (685 mil), Minas (587 mil) e
Rio (517 mil).
Como a linha de corte usada
na comparação é a de R$ 175 de
renda domiciliar per capita, é
preciso considerar nessa análise que, entre os mais pobres em
cada Estado, nem todos seriam
elegíveis, por exemplo, ao Bolsa
Família, que trabalha com uma
linha de R$ 120 per capita.
Para Rosani Cunha, secretária de Renda da Cidadania do
Ministério do Desenvolvimento Social, a menor cobertura
proporcional entre mais pobres em Estados mais ricos pode também ser um reflexo do
fato de a cidade do Rio ter demorado a entrar no programa e
de, em São Paulo, até hoje existir déficit na cobertura.
Ela diz, no entanto, que, desde que a pesquisa foi a campo
-em setembro de 2006-, 1,5
milhão de famílias saiu e outro
1,5 milhão entrou nos programas do governo.
Perfil
A comparação do perfil da
população coberta pelos programas sociais em comparação
com o restante mostra que o nível de ocupação entre chefes de
domicílio com recebimento de
benefícios têm nível de ocupação superior aos demais. Entre
beneficiados, a taxa de ocupação é de 77%. Entre os não-beneficiados, ela fica em 73,8%.
Quando se analisam todos os
moradores do domicílio -e não
apenas os chefes-, acontece o
oposto: a ocupação entre beneficiados (de 52,1%) é inferior à
dos que não recebem os benefícios (58,6%).
De acordo com Marcia
Quintslr, coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE,
essa contradição é explicada
porque em famílias mais pobres a dependência da renda do
chefe de domicílio é maior.
Em quase todas as comparações, os indicadores socioeconômicos entre os beneficiados
são piores. A renda média domiciliar per capita da população incluída no Bolsa Família,
por exemplo, é de R$ 149, já incluindo nessa conta o valor recebido pelo programa. Na população que não recebe nenhum benefício, é de R$ 699.
O analfabetismo e o número
médio de moradores por domicílio também são maiores entre
os beneficiados.
Comparando 2004 com
2006, a existência de serviços
ou bens como abastecimento
de água, coleta de lixo, iluminação elétrica, geladeiras, máquinas de lavar roupa ou telefones
no domicílio cresceu tanto nas
residências beneficiadas quanto nas não beneficiadas.
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