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SUCESSÃO
Aliança da esquerda no Rio de Janeiro tem irmãos de fé na mesma chapa
Igreja une Garotinho e Benedita
WILSON TOSTA
da Sucursal do Rio
Mais que unir partidos anteriormente adversários, a aliança das
esquerdas no Rio deverá juntar semelhantes: os virtuais candidatos
a governador, Anthony Garotinho
(PDT), e a vice, Benedita da Silva
(PT), dividem a mesma fé religiosa na Igreja Presbiteriana, que frequentam com fervor há anos.
Convertido oficialmente ao protestantismo em 95, o pedetista Garotinho se recusa a falar no assunto em entrevistas, pois não quer
que os adversários o acusem de
usar politicamente a religião. Mesmo assim, às vezes presta, em reuniões de evangélicos, testemunhos
da sua conversão.
"Não misturo religião e política", afirma ele. "Uma coisa não
tem nada a ver com a outra."
Segundo o pedetista, a proximidade de fé não tem nenhuma influência na aliança com a senadora Benedita da Silva. Os dois têm
atuado juntos para unir as duas legendas em uma coligação para
disputar a eleição de 98, mas a relação, diz Garotinho, é puramente
política, sem nenhuma origem no
plano religioso.
Conversão
Anthony Garotinho é bom conhecedor da Bíblia, que lia para o
avô, Nahim, com quem tinha forte
ligação. Mas a conversão ao presbiterianismo só veio depois que
sofreu um acidente durante a
campanha de 94, quando disputava o governo do Rio pela primeira
vez, na campanha vencida pelo tucano Marcello Alencar.
A amigos, o pedetista confidencia que na época teve uma "revelação" e se converteu, mas preferiu
deixar para oficializar o ato no ano
seguinte, após o segundo turno da
eleição de 94, pois queria evitar
acusações de uso político da fé. O
batismo foi feito pelo pastor Caio
Fábio dÁraújo Filho.
Carnaval e fé
Desde então, Garotinho tem
mantido nos acontecimentos políticos atitude discreta em relação à
religião. Como na abertura do
Carnaval de 98 em Campos, cidade do norte fluminense da qual é
prefeito. Apesar da resistência de
setores evangélicos ao evento, o
pedetista compareceu à festa e justificou: é prefeito de um município, não dos seguidores de uma
crença.
Já Benedita da Silva preferiu
agradecer e não comparecer ao
desfile da escola de samba Caprichosos de Pilares, que no último
Carnaval a incluiu entre os homenageados no enredo "Negra Origem, Negro Pelé, Negra Bené".
A senadora é diferente de Garotinho quando se trata da relação
entre religião e política. Em novembro de 96, por exemplo, Benedita participou de um culto ao lado de outro senador, negro e protestante: Jesse Jackson, do Partido
Democrata dos EUA, de fé batista.
Pelo menos nesse caso, fé e política se misturaram, num sermão
em que Jackson criticou o racismo.
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