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DOMINGUEIRA
Vai que é tua, Walter Salles!
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo
Companheiros e companheiras, foi um constrangedor show
de provincianismo a torcida para
o "nosso" Oscar. A começar por
imprensa e TV, que trataram a
presepada da Academia como
uma pequena prévia da Copa do
Mundo.
O mais curioso é que torcer pelo
filme de Bruno Barreto não foi
exatamente uma manifestação
nacionalista, muito menos uma
tentativa de enfrentar a cultura
norte-americana e o modelo
hollywoodiano, mas sim uma forma enviesada de querer fazer
parte daquilo.
Além do mais, como diria Zagallo, foi "unbelievable" o modo
como tratou-se o filme holandês.
Ninguém viu e todos falaram mal
-com exceção do crítico Amir
Labaki, da Folha, que contou a
história e considerou a escolha
mais do que acertada.
Fui um que tomou partido de
"O Que É Isso Companheiro?"
contra as críticas bobocas de
ex-militantes do MR-8, embora
os bons argumentos de Franklin
Martins, hoje comentarista político da Rede Globo, tenham modificado minhas opiniões sobre
alguns aspectos da apresentação
da história.
"O Que É Isso Companheiro?" é
um filme apresentável, que tem
virtudes à luz da retomada da
produção brasileira. Ainda assim, -sem ter visto o vencedor
"Caráter"- não creio que seja
muito difícil fazer um filme melhor do que o brasileiro.
Não vamos, porém, desanimar!
Nem Jabor, nem José Wilker
-para a próxima edição do Oscar queremos Galvão Bueno:
"Vai que é tua, Walter Salles!"
Outro vexame nacional, com repercussão internacional, foi a
maneira como o governo tucano
tratou o incêndio em Roraima.
Admitamos que nesse caso Menem merece o Oscar de melhor
presidente brasileiro. Os argentinos chegaram lá rapidamente e
melhor equipados.
Num governo que adora falar
em bilhões de dólares, um empréstimo de US$ 5 milhões para
apagar o fogo é ridículo. São cinco apartamentos de luxo em São
Paulo.
O problema, obviamente, não é
de dinheiro. Pena que nenhum
banco mundial empreste ao Brasil tino e competência política...
Mais uma vez, o futebol salvou a
pátria, com a vitória da seleção
brasileira contra a Alemanha,
embora a leitura da crônica esportiva faça qualquer um supor
que a equipe de Zagallo perdeu o
jogo. Talvez porque muitos cronistas tenham alardeado as virtudes quase insuperáveis do time
alemão.
Não foi o que se viu. Os alemães
entraram em campo para arrancar toco e quebrar canelas, tentando uma pressão inicial que se
mostrou perfeitamente suportável por uma seleção de primeira
linha -mesmo com uma defesa
ainda desentrosada. O gol da
equipe alemã foi muito mais um
azar do beque brasileiro - que
escorregou na hora de interceptar
a bola- do que mérito do atacante. Já o gol de Ronaldo... Um
show, que incrivelmente alguns
tentaram minimizar como apenas um "lampejo individual"...
Ora, bolas, o que seria do futebol
sem lampejos individuais?
Dizer depois, como insinuou
nosso combativo Juca Kfouri, que
o jogo não valeu nada, é de uma
má-vontade notável. Se os alemães tivessem vencido, alguém
diria isso?
Tive a impressão de que boa
parte da crônica torceu mesmo
contra a vitória brasileira.
Nesses momentos, morro de
saudades da presença de Nelson
Rodrigues.
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