São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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MINISTÉRIOS
Esporte ficou 245 dias sem titular no primeiro mandato; interino ocupou Transportes por 280 dias
FHC é o 4º presidente mais indeciso

MAURICIO PULS
da Redação

O presidente Fernando Henrique Cardoso é o quarto mais indeciso na escolha de substitutos de ministros desde 1945. Em seu primeiro mandato (1995-1998), os ministérios ficaram 849 dias sem titulares, o que, ponderado pelo número de ministérios, corresponde a 1,87% de seu mandato.
Em relação a outros governos desde 1945, FHC só foi mais ágil para nomear os substitutos que Itamar Franco (4,04% do mandato sem titulares), Eurico Dutra (2,37%) e João Goulart (2,01%).
O caso do Ministério do Esporte é exemplar. Quando Pelé deixou a pasta, em 30 de abril de 1998, o presidente hesitou entre extinguir o ministério e nomear outra pessoa. Resultado: a pasta ficou vaga por 245 dias, até a posse de Rafael Greca em 1º de janeiro de 1999.
Não foi a primeira vez que o presidente custou a preencher uma vaga. Em 14 de agosto de 1996, o peemedebista Odacir Klein pediu demissão do Ministério dos Transportes após um acidente automobilístico no qual não socorreu uma vítima atropelada por seu filho. FHC indicou um interino, Alcides Saldanha, e demorou 280 dias até nomear Eliseu Padilha para a vaga.
Outra longa interinidade foi a de Cláudia Costin no Ministério da Administração, em 1998. Luiz Carlos Bresser Pereira deixou a pasta em 24 de junho para ser tesoureiro da campanha de FHC à reeleição. Cláudia Costin foi nomeada em seu lugar, mas nunca foi efetivada: ficou como interina por 132 dias, até que Bresser reassumiu o cargo em 4 de novembro.
Bresser era aparentemente indispensável ao governo. Mas, 57 dias após sua volta, seu ministério foi rebaixado a uma secretaria, ocupada por Costin, enquanto Bresser era deslocado para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Os dois foram demitidos na reforma ministerial de julho de 1999.
Interinidades menores foram as de Juarez Quadros no Ministério das Comunicações após a morte de Sérgio Motta (17 dias) e a demissão de Luiz Carlos Mendonça de Barros (38 dias); a de Milton Seligman no Ministério da Justiça após a saída de Nelson Jobim (44 dias) e a de José Carlos Seixas no Ministério da Saúde após a queda de Adib Jatene (42 dias).
Considerando as demais vacâncias e interinidades, as pastas ficaram 849 dias sem titulares. Ponderando o resultado pelo número de pastas (24 ministérios e 7 secretarias com status ministerial), essas interinidades consumiram 1,87% do seu primeiro mandato.

Itamar
Foi bem menos que o verificado durante a gestão de seu antecessor, Itamar Franco. Somando todas as vacâncias e interinidades, os ministérios ficaram 895 dias sem titular, ou 4,04% do governo, o maior índice desde 1945.
Em seu curto mandato, Itamar teve apenas três interinos (Israel Vargas, na Ciência; Mozart Lima, no Trabalho; e Tarcísio Cunha, no Gabinete Civil), mas deixou os cargos vagos por muito tempo.
Ele tomou posse em 2 de outubro de 1992 (Collor fora afastado no dia 29 de setembro), mas levou tempo até completar o ministério. O ministro da Cultura demorou 39 dias para tomar posse; o da Ciência, 21 dias; os da Indústria, Meio Ambiente e Transportes, 13 dias cada um, e assim por diante.
As indefinições prosseguiram após a conclusão da montagem do governo. O Ministério das Relações Exteriores ficou 101 dias sem titular, e o Gabinete Civil, 100 dias. A Agricultura ficou vaga 81 dias; Integração Regional, 77 dias; Bem-Estar Social, 76 dias. O Ministério da Ciência ficou 70 dias sem titular, o das Comunicações, 69 dias, o da Cultura, 36 dias.


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