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Dulci pede "evolução" e cita Marx
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) criticou
ontem os petistas e outras pessoas
da esquerda governista que combatem as propostas do Executivo,
afirmando que eles não evoluíram com a história.
Dulci disse que não é possível
dar respostas do século 19 a problemas do século 21 e afirmou que
os "grandes líderes do socialismo" ficariam "perplexos" com as
atitudes da "minoria da esquerda
brasileira".
As declarações ocorreram durante palestra para empresários
em Belo Horizonte, um dia depois
que o presidente nacional do
PDT, Leonel Brizola, e uma ala do
PT se reuniram no Rio para criar
uma frente contra as reformas tributária e da Previdência.
As críticas tiveram início quando o ministro discorria sobre os
objetivos do governo Lula de recuperar a estabilidade econômica
"perdida" para criar condições
para a retomada do crescimento
econômico "sólido e duradouro",
sem que o PT tenha que deixar de
ser um partido de esquerda.
"Evidentemente, nós não podemos dar respostas do século 19 a
problemas do século 21. A esquerda também evolui. Aliás, uma das
suas grandes capacidades é evoluir com a história", afirmou o
ministro.
Tido no PT como um dos ideólogos do partido, Dulci é formado
em Letras pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e foi
professor de português em Belo
Horizonte.
Marx
Dulci citou até Karl Marx (1818-1883) para criticar essas "minorias". "Marx, se fosse vivo
-quem sou eu para fazer "ventriloquismo" de Marx-, provavelmente diria: dêem respostas à realidade de vocês no início do século
21 e não à nossa realidade de
Manchester no século 19", disse.
O ministro citou duas vezes as
disputas entre desenvolvimentistas e monetaristas no governo
Fernando Henrique Cardoso para
dizer que o governo Lula não fará
da estabilidade "um fim em si
mesma".
Segundo o ministro, o governo
sempre soube que a sua "base social" e "político-eleitoral" reivindicaria mudanças imediatas, mas
que a "responsabilidade de quem
chega ao governo não é apenas de
expressar os anseios das maiorias
sociais, mas também de informar
a sociedade sobre o que se passa".
Afirmou também que o governo não tomará medidas por "voluntarismo", porque seriam "demagógicas". Segundo ele, seria
"contemporizar com expectativas
que muitas vezes são superficiais".
"Não quero ser rotundo, mas a
responsabilidade de quem está dirigindo uma entidade e que tem
uma base não é fazer tudo aquilo
que a base pede. Se eu acho que
tem alguma coisa que é recomendável não fazer, tenho a obrigação
de dizer", disse Dulci, assinalando
que a avaliação do governo é de
que as pré-condições para que o
país volte a crescer "estão quase
todas asseguradas".
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