São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007 |
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Elio Gaspari Negro incomoda quando sai do seu lugar
Um branco com mais de
12 anos de escolaridade
tem três vezes mais chances
de chegar ao andar de cima O artigo tem 34 páginas, oito delas ininteligíveis para quem não sabe ler matemática. Pulá-las não é vergonha, mas necessidade. O texto está no seguinte endereço: www.iuperj.br/site/carloscr/textos/raca.pdf UMA PENA, HALBERSTAM FOI-SE EMBORA Morreu na semana passada David Halberstam, um dos maiores repórteres do seu tempo. Tinha 73 anos e estava a caminho de uma entrevista. Poucos jornalistas mudaram o curso de uma guerra americana como ele, com sua cobertura dos combates no Vietnã. Halberstam esteve entre os primeiros repórteres a mostrar que, defendendo um regime de larápios, os Estados Unidos não prevaleceriam contra os guerrilheiros vietcongues. Começou a escrever isso em 1962, na infância da guerra. Ela iria até 1975, terminando como ele previra. A cunhada do presidente do Vietnã dizia que Halberstam "precisa ser churrasqueado e eu ofereço a gasolina e os fósforos". Até aí, coisa de cleptocrata, mas havia gente mais poderosa querendo fritá-lo. O presidente John Kennedy pediu ao dono do "New York Times" que tirasse o repórter do Vietnã. Arthur Ochs Sulzberger respondeu que ele continuaria lá e, ao saber que Halberstam ia tirar uma licença, pediu que a cancelasse, para não dar a impressão de que o jornal amolecera. Um grande sujeito, inclusive no tamanho. Um dia ele estava na Redação quando um puxa-saco disse-lhe que estivera num jantar com um diretor do "Times" e uma prima de Sulzberger: "Acho que você gostará de saber que eles falaram muito bem de você". A resposta foi curta: "Vá se f..., garoto". (Mais tarde, Halberstam saiu brigado do "Times". O garoto fez carreira.) SERVIÇO - Quem quiser uma esplêndida reportagem de Halberstam, basta passar no Google o título "Helicopter assault in the Ca Mau Peninsula" ("Um ataque de helicópteros na península de Ca Mau"). Foi escrita em 1963, quando os Estados Unidos achavam que liquidariam a fatura com 15 mil soldados. Puseram 530 mil, morreram 58 mil e, ainda assim, perderam. ELOQÜÊNCIA FFHH é mais direto quando qualifica a situação do tucanato, longe das câmeras: "Patético". CARRO TAMBÉM É GENTE Stanislaw Ponte Preta, criador do "Festival de Besteira que Assola o País", resolveu manter uma sucursal nos ministérios que lidam com a patuléia trabalhadora. Nos anos 90, justificando o uso de um carro oficial para levar sua cadela ao veterinário, o ministro do Trabalho, Antonio Magri, informou que "cachorro também é gente". Em 1995, quando lhe perguntaram como era possível viver com um salário mínimo, o tucano Paulo Paiva respondeu: "Eu sou ministro do Trabalho, não sou trabalhador". O atual comissário da Previdência, Luiz Marinho, deu a seguinte explicação à repórter Julianna Sofia, quando ela lhe perguntou por que seu motorista atropelou aposentados que se manifestavam no seu caminho: "Quando estou saindo, o pessoal veio agredir o carro. Uma agressão inexplicável". RECORDAR É VIVER O advogado Virgílio Medina, corretor dos interesses dos bingos no Judiciário, vem de longe. Durante o collorato, ele ocupou a superintendência jurídica da Vale do Rio Doce (estatal). Mais tarde, suas digitais foram encontradas na montagem de um falso empréstimo que explicaria parte do caixa dois de Collor. A famosa Operação Uruguai. Agora, a PF descobriu que o doutor tem um ervanário depositado -no Uruguai. PT-IBAMA As mudanças ocorridas no Ibama destinam-se, acima de tudo, a aparelhar a instituição com quadros da elite-companheira. O completo controle da máquina do instituto vinha sendo tentado desde 2003. INÉPCIA DO INEP O ministro Fernando Haddad, da Educação, e o professor Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), devem explicações à patuléia e desculpas a Geraldo Alckmin. Em julho do ano passado, o MEC divulgou os resultados gerais da Prova Brasil e a rede pública de ensino da cidade de São Paulo ficou em 21º lugar entre as 26 capitais. Espremeu-se entre São Luís e Macapá. Esse resultado desastroso foi explorado durante a campanha eleitoral, e os companheiros do pedaço pedagógico adoravam lembrar o naufrágio paulista. Dez meses depois, com jeito de quem não quer nada, o Inep soltou uma "nota técnica" revendo suas sentenças. Nela, refere-se a "problemas corrigidos" e, com isso, a rede de São Paulo passou do 21º lugar para o 12º. Erros semelhantes ocorreram com a avaliação de Porto Alegre, Belo Horizonte, Porto Velho e Boa Vista. Ou seja: de de 26 capitais, lambaram em cinco. O Inep falou em "problemas corrigidos". Empulhação verbal. O caso é de "problemas ocorridos" e ainda muito mal explicados. Desde o primeiro momento, Geraldo Alckmin e outros santos menores puseram em dúvida a qualidade dos resultados de São Paulo. Se o tucanato paulista fosse capaz de defender interesses contrários à máquina do governo, pediria ao doutor Reynaldo Fernandes uma comissão acadêmica para descobrir o que houve e por que o Inep levou dez meses para revelar o desastre. Uma pessoa pode se conformar em viver com uma rede pública de ensino medíocre. Bem outra coisa é não poder confiar nas avaliações do MEC/Inep. Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Igreja Católica quer pôr no ar 3ª TV nacional Índice |
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