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Militares se adaptam à penúria, mas têm projetos bilionários
Exército precisa substituir mil blindados, Marinha estuda construção de novos submarinos e Força Aérea retoma projeto de aquisição de caças modernos
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Exército, Marinha e Força
Aérea se adaptaram em graus
diferentes à penúria de verbas
dos últimos anos, mas todas
têm projetos bilionários à espera de tempos melhores.
O Exército racionalizou seus
projetos de pesquisa e desenvolvimento visando o reaparelhamento. Mais de cem projetos foram reduzidos para apenas 13 prioritários, segundo o
general-de-brigada Alessio Ribeiro Souto, que dirige o Centro Tecnológico do Exército.
Foi o caso do radar SABER
M-60, feito em parceria com a
empresa OrbiSat. A verba veio
ao Exército de uma fonte pouco
usual: o Ministério da Ciência e
Tecnologia, através da Finep
(Financiadora de Estudos e
Projetos), que concedeu R$ 30
milhões. E a OrbiSat conseguiu
financiamento do BNDES para
a produção dos radares.
SABER é a sigla para Sistema
de Acompanhamento de Alvos
Aéreos Baseado em Emissão de
Radiofreqüência. O radar tem
alcance de 60 km e pode rastrear 40 alvos ao mesmo tempo. O primeiro modelo M-60 ficou pronto neste mês.
Mas estima-se em R$ 1 bilhão
a verba para produzir os blindados para substituir os mais
de mil Urutu e Cascavel que o
Exército adquiriu no passado.
A Marinha tem como prioridade, segundo seu comandante, o almirante-de-esquadra
Júlio Soares de Moura Neto, a
produção de submarinos, que
cumprem um fundamental papel dissuasório contra potências que queiram atacar o país.
Em segundo lugar estão os navios-patrulha, necessários à
proteção da zona econômica
exclusiva no Atlântico Sul.
O Brasil obteve a tecnologia
para construir submarinos da
Alemanha e está fazendo o
mesmo em relação a navios de
patrulha graças a um acordo
com uma empresa francesa.
O momento é um dois piores
para a força nos últimos anos.
Segundo o contra-almirante
Elis Treidler Oberg, desde 1999
a Marinha aposentou 21 navios,
e incorporou apenas dez.
A Marinha ainda não definiu
o projeto de seu futuro submarino. O que tem mais chance é o
alemão IKL 214, dada a experiência adquirida com projetos
germânicos. Mas ainda não se
descarta a opção pelo submarino francês da classe Scorpène.
A empresa francesa Thales
possui um trunfo: ao contrário
dos alemães, os franceses têm
tecnologia de submarinos nucleares e poderiam compartilhar esse know-how, segundo
Jean-Paul Perrier, vice-presidente executivo da empresa.
O programa prioritário da
Força Aérea Brasileira voltou à
estaca zero, e deve levar alguns
meses para sair dela, de acordo
com o brigadeiro-do-ar Paulo
Roberto Pertusi. O programa é
o F-X, de aquisição de um novo
caça de defesa aérea. O presidente Lula suspendeu a concorrência logo no começo do
seu primeiro mandato, e terminou por enterrá-la ao comprar
caças franceses Mirage-2000,
interinos e de segunda mão.
A FAB reiniciou agora a busca de seu futuro principal avião
de combate. Segundo Pertusi, a
primeira fase é estabelecer o
novo conceito da futura aeronave; depois será estudada sua
viabilidade técnica, operacional, comercial; definida a opção, serão feitos os pedidos de
propostas aos fabricantes. E, se
tudo der certo e houver verba,
iniciada a produção.
"A idéia é começar novo projeto com novos requerimentos,
assim que as condições permitirem", diz o brigadeiro. A FAB
sempre procurou ter aeronaves
de combate no mesmo nível
tecnológico dos vizinhos sul-americanos. A introdução recente na região de aviões mais
modernos -os F-16 do Chile e
os Su-30 da Venezuela- deixou a FAB em situação inferior.
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