São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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Alckmin abre campanha e diz esperar ajuda de Serra

Candidatura a prefeito do ex-governador foi aprovada na Executiva do partido

Em mais um dia tenso, tucano Walter Feldman diz que "batalha continua" e que só convenção irá pôr ponto final à luta interna


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador Geraldo Alckmin lançou ontem à noite sua pré-candidatura a prefeito de São Paulo. Momentos antes da primeira manifestação pública do tucano sobre a intenção de concorrer neste ano, a Executiva Municipal do partido decidiu endossar seu desejo.
"Eu ouvi o chamado e vim me incorporar à luta", anunciou Alckmin, por volta das 21h, para cerca de 200 militantes do PSDB reunidos no centro de São Paulo. Em seguida, mandou um recado a seus adversários internos:
"Persegui os ideais de uma vida, e não as conveniências eleitorais do momento", disse, em alusão à pressão de parte dos tucanos que defendem sua renúncia para apoiar a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), aliado do governador do Estado, José Serra (PSDB).
Questionado sobre o governador, Alckmin respondeu:
"Serra e eu fomos fundadores do PSDB. Faz 20 anos. Temos uma história de lutas partidárias, de convicções. Não tenho dúvidas que poderá haver idéias, proposições diferentes em algum determinado ponto da nossa caminhada. Mas, tomada a decisão pelo partido, vamos estar juntos".
Em seu discurso, de cerca de dez minutos, Alckmin ressaltou a importância de líderes da sigla, principalmente o governador Mario Covas (1930-2001), um dos mais combativos adversários do ex-governador Orestes Quércia (PMDB).
Kassab anunciou na semana passada uma aliança com Quércia, o que lhe garantiu mais tempo de TV e ajudou a isolar Alckmin.
"Duas décadas depois [de sua criação], nós podemos nos orgulhar do nosso partido", afirmou Alckmin. O PSDB nasceu de uma dissidência do PMDB durante o governo de Quércia em São Paulo.

Divisão
A manifestação pública de Alckmin aconteceu ao final de mais um dia tenso nos bastidores do partido, marcado até por bate-boca na Executiva Estadual. Mesmo à noite, após deixar um evento dos tucanos em apoio à aliança com o DEM, o secretário de Esportes da capital, Walter Feldman (PSDB), foi claro: "Estatutariamente, quem decide é a convenção. Para nós, a batalha continua".
A candidatura de Alckmin na Executiva foi definida por unanimidade. "Está fechado. O Geraldo é o candidato da Executiva. Está mais do que evidente que é isso o que o partido deseja", disse José Henrique Reis Lobo, presidente municipal da sigla, afirmando ter participado de 40 reuniões para a decisão.
No dia 5, Lobo apresentará ao diretório o nome de Alckmin como candidato da Executiva. Caberá ao diretório homologar o nome para submetê-lo à convenção. Quem quiser desafiar Alckmin deverá reunir 5% das assinaturas de filiados até 72 horas antes da convenção.
Apesar dos apelos de Lobo por um cessar-fogo, até mesmo contra Serra, a batalha continua. Ontem, os alckmistas reivindicaram a presença do candidato em oito das 18 inserções a que o partido tem direito em maio. O secretário de Comunicação, Raul Christiano, alegou que não há condições de produzir 40 diferentes programas até segunda-feira. Nova briga.


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