São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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Cid nega imoralidade em viagem com sogra

Governador do Ceará não vê erro em levá-la à Europa em jato alugado pelo Estado, mas pede desculpa "ao povo" por constrangimento

Segundo Cid Gomes, "vôo é cobrado por quilômetro, e não pelo nº de passageiros'; sogra, diz ele, fez viagem a pedido da primeira-dama


KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), 45, afirmou que não cometeu ilegalidade ao levar a sogra na viagem que fez à Europa, no Carnaval, em um jatinho alugado pelo governo. "Essa questão não é ilegal, não é imoral, não há norma que discipline isso", disse Cid, em entrevista na Assembléia Legislativa.
Mesmo sem admitir ter cometido algo de errado, o governador pediu desculpas "ao povo cearense" pelo constrangimento causado pela repercussão negativa da viagem. Para ele, o problema maior foi o tom de "deboche" que o assunto ganhou. "A sogra é inspiração para muitas piadas. Ficou uma coisa de deboche. Não me sinto bem, fico constrangido."
A ida à Assembléia na manhã de ontem foi o primeiro compromisso público do governador em Fortaleza desde a divulgação da lista de quem o acompanhou a cinco países, entre 30 de janeiro e 9 de fevereiro.
Para a Europa, Cid voou de jatinho, o que custou ao Estado R$ 388.596. Além dele e da sogra, Pauline Carol Habib Moura, 50, também o acompanharam a primeira-dama, Maria Célia, um secretário do Estado, um assessor e suas mulheres.
Segundo Cid, a sogra só foi porque a primeira-dama pediu. "A minha mulher tem 27 anos, tem uma ligação muito estreita com a mãe e, quando vou para um evento desses, fico a grande parte do tempo fora."
Para Cid, a presença da sogra e das outras duas mulheres não encareceu a viagem, pois as despesas locais foram pagas por cada uma delas. "O vôo é cobrado por quilômetro, e não pelo número de passageiros."
Cid afirmou que o caso recebeu uma "atenção desproporcional", já que a prática de usar veículos públicos para dar caronas, diz, é comum. "Caso a senhora usasse um carro da Folha para trabalhar e, na hipótese de seu sogro estar na sua casa, pela manhã ele pedir para você levá-lo a algum lugar, você negaria a carona?", questionou ele à repórter. Na semana passada, seu irmão, Ciro Gomes (PSB), disse em sabatina na Folha que o governador devia explicações. Apesar disso, Cid disse que decidiu falar por conta própria. "Não acho justo me imputarem uma imagem de que gosto de mordomia."
A oposição devem começar hoje a recolher assinaturas para a CPI da Sogra, que focaria as viagens já feitas pelo governador. As chances de ser aprovada são remotas, como admite a oposição, formada por 2 dos 46 deputados. A investigação deve se dar na Promotoria e no TCE.


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