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Câmara limita uso de cota aérea, mas anistia passado
Fica proibida a emissão de passagens para eleitores e parentes de deputados
Não foram cumpridas todas
as recomendações feitas
pelo Ministério Público,
como o fim dos bilhetes para
congressistas do próprio DF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de uma série de escândalos envolvendo o uso das
passagens dos deputados e uma
semana depois de o Senado tomar medida semelhante, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), assinou ontem ato que limita o uso da cota
aérea dos congressistas a partir
de agora. Os excessos cometidos até aqui estão anistiados.
Em quase duas horas de reunião na casa de Temer para fechar o texto do ato, os líderes
partidários concentraram boa
parte do tempo para fazer críticas à imprensa. Temer chegou a
avaliar fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão para, segundo deputados, defender o Congresso.
"Em primeiro lugar, nunca
houve farra. Existia um sistema
normativo anterior e agora
[com as modificações] vamos
minimizar o noticiário", disse o
presidente da Câmara depois
da reunião.
A possibilidade de ir à TV foi
apresentada e defendida principalmente pelo líder do PT,
Cândido Vaccarezza (SP). "A
cobertura que a imprensa está
fazendo é desleal", disse.
Entre as medidas anunciadas
ontem está a redução em 20%
do valor da cota aérea a que os
deputados têm direito. Apesar
disso, o valor continuará permitindo que cada um deles possa fazer, em média, dez viagens
de ida e volta entre Brasília e
seu Estado de origem pela tarifa intermediária.
Os valores são definidos segundo o Estado do congressista
e oferecidos, inclusive, aos que
são do Distrito Federal, que receberão R$ 3.764,58 por mês.
Quem for de São Paulo, por
exemplo, receberá R$ 8.501,07.
Pelo ato, fica proibida a emissão de bilhetes para parentes e
eleitores; assessores só poderão usar o benefício mediante
prévia autorização da terceira-secretaria da Mesa Diretora. A
cota valerá apenas para viagens
dentro do território nacional e
viagens internacionais só poderão ser feitas em missões oficiais -pagas pela própria Casa.
Nas últimas semanas, houve
revelações quase diárias sobre
como parentes de deputados fizeram turismo com passagens
oficiais. Os destinos preferidos
eram Europa e EUA.
Além disso, o acúmulo de bilhetes de um ano para o outro
será proibido. Tudo o que foi
acumulado até o momento, no
entanto, deve ser mantido. A
partir de agora, os deputados
também terão que publicar os
seus voos na internet. A cota
extra dos líderes partidários e
dos sete membros da Mesa Diretora foi cortada.
Apesar das mudanças, não
foram cumpridas todas as recomendações feitas pelo Ministério Público Federal, como o fim
da cota a deputados do DF.
Segundo a assessoria da Casa, a economia com as novas
medidas será de R$ 17,9 milhões ao ano. Hoje, o gasto
anual com a cota aérea é de R$
80 milhões. As novas regras entram em vigor assim que o texto for publicado no "Boletim
Administrativo" da Casa, o que
deve acontecer ainda hoje.
Todos os líderes partidários
assinaram uma nota de apoio a
Temer e à publicação do ato
-norma administrativa que
não precisa passar pelo plenário e que é irrecorrível.
Diante da repercussão negativa de alguns deputados, o presidente havia anunciado na semana passada que passaria ao
plenário a responsabilidade pela aprovação de um projeto sobre o assunto.
Depois da ameaça de mudanças para flexibilizar as normas
no plenário e um recuo por parte de seus proponentes, Temer
decidiu assinar o ato.
Ontem, após o anúncio, poucos deputados se manifestaram
contra as medidas. "A gente vai
para um rol de radicalismo que
não contribui com a Casa. Amanhã, [os deputados] vão descasar casais", disse o deputado
Luciano Castro (PR-RR).
Temer também anunciou
ontem a criação de uma comissão, que terá prazo de 60 dias
para estudar uma reforma administrativa na Casa. Será discutido aumento salarial.
"Não havia uma normatização, mas casos que saltam os
olhos, como a venda de passagem, serão punidos. Trata-se de
um delito", disse Temer.
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