DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de dizer que "o Senado é uma bagunça" para justificar sua ausência no gabinete do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pediu demissão do cargo de secretária parlamentar que ocupava no gabinete dele desde 2003.
Numa carta endereçada ao senador anteontem, ela disse que tomou essa decisão depois de a Folha publicar entrevista na qual ela afirmou que sua função era "cuidar das coisas pessoais do senador" e que trabalhava de casa porque o "Senado é uma bagunça e o gabinete é mínimo".
Questionada se estava entre os funcionários do Senado que receberam hora extra em janeiro, mês de recesso, ela disse na ocasião: "Normalmente, quando o gabinete recebe, eu recebo. Acho que o gabinete recebeu". A entrevista foi publicada no momento em que Heráclito, primeiro-secretário da Casa, se dizia empenhado em moralizar a distribuição dos cargos de confiança do Senado.
Luciana diz na carta que fez os comentários porque "acreditava" se tratar de uma conversa "informal" com um jornalista e que "não está acostumada" a "lidar com os meios de comunicação", pois em razão da "notoriedade de sua família sempre se manteve retraída".
Segundo ela, o pedido de demissão visa evitar "constrangimentos" ao senador. "Não quero que pairem dúvidas sobre seus propósitos nem sobre minha conduta", escreveu ela. Heráclito disse que não comentaria o assunto.
A pedido do Ministério Público, o Tribunal de Contas da União investiga se Luciana era funcionária-fantasma. O processo, que pede a devolução do dinheiro que ela recebeu no período caso se comprove que não trabalhava, será relatado pelo ministro Raimundo Carreiro, que foi secretário-geral do Senado por uma década.
Luciana recebia R$ 7.600 por mês, sem contar os benefícios. Segundo a Folha apurou, a exoneração não interfere no andamento do processo.


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