São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2010

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Campanha do PT está "desvirtuada", diz Duda

Fora da equipe petista, publicitário aposta em Dilma, mas afirma que debate está centrado em experiência, o que dá vantagem para Serra

Sobre depoimento em 2005, na CPI do Mensalão, quando admitiu ter ganho dinheiro do PT em conta no exterior, avalia ter sido "ingênuo"

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

A seis meses da eleição, o publicitário Duda Mendonça avalia que o pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, está com a "estratégia correta" de não se opor ao presidente Lula, fazendo com que a discussão eleitoral se mantenha sobre a competência de governar, levando vantagem sobre a pré-candidata petista, Dilma Rousseff, por ser mais experiente.
José Eduardo Cavalcanti de Mendonça, 65 -responsável pelo marketing eleitoral quando Lula foi eleito presidente em 2002 e orientador da comunicação do governo até o escândalo do mensalão, em 2005-, acha que a eleição será competitiva, acredita que Dilma vence, mas analisa com ressalvas o momento da corrida eleitoral.
"Hoje o quadro está numa discussão de quem é o mais experiente, e o Serra, inteligentemente, não está numa posição de oposição. Uma estratégia correta", avaliou Duda, em palestra anteontem na Casa do Saber, na zona sul do Rio.
"Isso mantido, pode passar para a população uma sensação de que não vai haver grandes mudanças. É uma vantagem para o Serra, porque ele é mais experiente do que a Dilma", afirmou em conversa com 47 pessoas -entre políticos, assessores de políticos e candidatos a formuladores de campanha eleitoral. A maioria delas pagou R$ 330 para ouvir três palestras de marqueteiros, sendo o primeiro Duda, Antônio Lavareda o segundo, em 4 de maio; e Rui Rodrigues encerrando o ciclo, em 11 de maio.
Duda aponta erro na forma em que Dilma está sendo apresentada. "Não adianta desvirtuar a Dilma. Tem que deixar a Dilma ser como é. As pessoas vão entender como ela é, ou não. Pegá-la e fazer outra pessoa... Vai ficar numa vestimenta em que não fica confortável. É um erro. Será muito disputada, mas acho que Dilma ganha."

Padre Cícero
A razão da possibilidade de vitória de Dilma está na popularidade de Lula, segundo Duda. "Se não fosse o Lula, seria a vez do Serra. Serra é um baita de um quadro, um puta governador. Se não fosse o Lula, era a vez dele. Mas Lula é igual Padre Cícero ou está ali perto." Duda tem, desde 2008, a conta de publicidade do Metrô paulista (R$ 14 milhões semestrais), em contrato que sofre questionamento no Tribunal de Contas.
Para ele, o grande palco da disputa será Minas. Com o Norte/Nordeste tendendo para a candidata de Lula, e o Sul/Sudeste, para Serra, caberia a Minas o papel de fiel da balança.
Duda não faz essa análise desinteressadamente. Acertou nesta semana que será o marqueteiro do pré-candidato peemedebista ao governo de Minas, Hélio Costa, e provavelmente fará a campanha do petista Fernando Pimentel ao Senado, caso PMDB e PT formalizem aliança no Estado. Enfrentarão os tucanos Antônio Anastasia ao governo e, provavelmente, Aécio Neves ao Senado.
Duda sabe que não tem chance de participar da campanha nacional petista, nas mãos do ex-sócio João Santana. Acha que pode revalorizar seu passe, se ajudar Costa a bater o candidato de Aécio.
Na conversa de duas horas sobre suas mais de 45 campanhas eleitorais, Duda foi questionado sobre seu depoimento na CPI do Mensalão, em 11 de agosto de 2005, quando confessou ter recebido R$ 10,5 milhões numa conta secreta no exterior por serviços prestados na campanha de Lula em 2002.
"Tenho livro pronto a respeito. Naquele momento, parei para vomitar. Tenho dúvida se o título será "Vale a Pena Falar a Verdade" ou "Não Vale a Pena Falar a Verdade". Hoje talvez dissesse que vale; há um ano, diria que não. Fui ingênuo."


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