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TROMBONE FINAL
"Todo mundo vai levar sua porradinha", afirma o pefelista
ACM insinua "esculhambar" Malan, que adia depoimento
RAQUEL ULHÔA
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
A 48 horas da renúncia, revisando as 35 páginas de seu discurso
de despedida, Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) mirou mais
um alvo: Pedro Malan, ministro
da Fazenda, cujo depoimento no
Senado seria no mesmo dia.
"Se o depoimento for mesmo na
quarta-feira, adio meu discurso
por uns minutos e vou na comissão esculhambar o Malan com
perguntas indiscretas sobre o
Cacciola", disse. Sobre o tipo de
pergunta, ACM respondeu, enigmático: "Ele [Malan" sabe".
Previsto para as 17h de amanhã,
o depoimento do ministro Pedro
Malan (Fazenda) sobre o caso
Marka/FonteCindam foi adiado
para quinta, às 10h. O discurso de
ACM será na quarta, às 15h30.
Malan mandou ofício se dispondo a depor amanhã, às 17h,
após o discurso de renúncia de
ACM, o que aborreceu o ex-presidente do Senado, que não queria
concorrência.
No Senado, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos,
Lúcio Alcântara (PSDB-CE), resolveu adiar a audiência para
quinta. Malan concordou.
"Porradinha"
O discurso de ACM deve ser recheado de acusações contra o governo e seus aliados. Fará ataques
a FHC e ao presidente do Senado,
Jader Barbalho (PMDB-PA). "Todo mundo vai levar sua porradinha." O discurso tem por objetivo
ser a pedra fundamental de uma
volta triunfal nas eleições de 2002,
não o fim melancólico de mais de
quatro décadas de vida pública.
Em seu apartamento de Salvador (BA), ACM soube que a Polícia Federal quer ouvi-lo sobre as
denúncias de desvios na extinta
Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia),
que atingem seu rival Jader.
ACM diz que o discurso terá novidades. "Tem que ter uma surpresa, senão não tem graça".
Jader, que estava ontem no Pará, evitou comentar a expectativa
para o discurso de ACM. "Evidentemente é um ato inusitado, mas a
renúncia é um ato pessoal que eu,
como presidente do Senado, não
posso fazer comentários."
Fazendo os últimos preparativos para viajar a Brasília, ACM comemorava a queda da popularidade de FHC, mostrada em pesquisa de opinião a ser divulgada
hoje pela CNT (Confederação Nacional do Transporte). "O governo está despencando."
ACM é irônico em relação ao futuro do presidente. Mesmo prevendo que o governo não conseguirá melhorar sua imagem até o
final de 2002, o senador diz que
FHC "vai sair [do governo" bem,
porque pouco importa para ele
como o país vai ficar".
Embora não tenha decidido se
irá disputar o governo do Estado
ou o Senado, ACM disse que, se a
eleição fosse hoje, iria preferir ser
eleito senador, "até para ver a cara
dos derrotados". O pefelista tem
uma certeza: a lista com os votos
da cassação do ex-senador Luiz
Estevão (PMDB-DF) vai aparecer.
"Ela [a lista" vai aparecer, mas não
será agora. Vai demorar. E não será pelas minhas mãos."
Segundo a Folha apurou, antes
de embarcar para Brasília, ACM
disse que Ramez Tebet (PMDB-MT), presidente do Conselho de
Ética, votou contra a cassação.
Lista
O senador Geraldo Althoff
(PFL-SC) encomendou à sua assessoria jurídica um parecer sobre
a possibilidade de processar senadores que eventualmente tenham
tomado conhecimento da lista de
cassação de Estevão. Althoff acredita que o entendimento jurídico
será pela incriminação.
Se a conclusão for pela qualificação como crime de omissão
-o fato de ter acesso à lista sem
denunciar a violação-, Althoff
deve encaminhar representação
ao Conselho de Ética contra os
congressistas que supostamente
conheceram o documento.
A decisão de solicitar o parecer
foi tomada na quarta passada, logo depois da votação no conselho
que aprovou o relatório do senador Saturnino Braga (PSB-RJ).
Althoff votou pela aprovação do
relatório, excluindo, no entanto, a
menção à pena de cassação.
Colaborou a Agência Folha e a Sucursal
de Brasília
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