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GOVERNO DE EMERGÊNCIA
Governo considera que seria "arriscada politicamente" e "desgastante" ausência de FHC
Refém do apagão, FHC cancela viagens
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O receio de se ausentar por longo tempo do país em meio à crise
de energia elétrica levou o presidente Fernando Henrique Cardoso a cancelar uma série de viagens
internacionais previstas para o final do próximo mês, quando passaria ao menos uma semana fora.
FHC visitaria oficialmente a
Rússia e a Ucrânia, entre 27 e 29
de junho. Antes, no dia 26, faria
uma parada de trabalho em Nova
York para participar da assembléia da Organização das Nações
Unidas (ONU) que discutirá
questões ligadas à Aids. As viagens à Europa oriental foram
adiadas, sem previsão. No caso da
ONU, FHC será representado pelo ministro da Saúde, José Serra.
As viagens internacionais estavam previstas para datas que
coincidem com as vésperas das
decisões sobre a necessidade de
apagões no país. O núcleo político
do governo considerou "arriscado politicamente" e "desgastante"
em termos de popularidade ter
um presidente do outro lado do
mundo num momento crítico,
ainda que em missão oficial.
Por motivos semelhantes, foram canceladas duas viagens nacionais previstas para esta semana. Uma, marcada para ontem, foi
cancelada quatro horas antes do
embarque. FHC iria para o Rio
participar da posse dos novos
membros da Academia Brasileira
de Ciências, mas decidiu participar de uma reunião para tratar
das possíveis modificações na
medida provisória que suspendeu
a eficácia do Código de Defesa do
Consumidor nos casos relacionados ao racionamento de energia.
A reunião antes seria comandada pelo "ministro do apagão", Pedro Parente, mas o presidente
considerou que ele mesmo deveria coordenar as conversas.
A outra viagem cancelada estava prevista para amanhã. O presidente iria a Porto Franco, próximo à Imperatriz, no Maranhão,
para inaugurar um trecho da Ferrovia Norte-Sul. A pedido da governadora Roseana Sarney (PFL),
a viagem foi adiada.
Segundo a Folha apurou, Roseana preferiu não promover
eventos nem comemorações no
dia em que está prevista a renúncia do senador Antonio Carlos
Magalhães (BA), companheiro de
partido da governadora. Também
aconselhado pelo núcleo político,
FHC deverá permanecer em Brasília para acompanhar o discurso
da renúncia, que poderá trazer
acusações ou revelações sobre a
relação entre ele e o senador.
FHC manteve um único compromisso internacional: a viagem
que fará a Assunção, no Paraguai,
nos dias 21 e 22 de junho para a
reunião semestral do Mercosul.
Ovos
Militantes da CUT (Central
Única dos Trabalhadores) e de
entidades estudantis compraram
ovos ontem para jogar no presidente quando ele chegasse no
centro do Rio para a cerimônia na
Academia Brasileira de Ciências.
O secretário-geral da CUT no
Rio, Ronaldo Moreno, afirmou
que a presença do presidente foi
cancelada porque ele teve medo
de enfrentar o protesto. Por volta
das 18h30, cerca de 50 manifestantes ainda esperavam a chegada
de FHC. "Dessa vez ele não veio,
mas não há como fugir da insatisfação popular", disse Moreno,
que integra o grupo de organizadores da caminhada contra o apagão e a corrupção, que será realizada no próximo dia 12.
Colaborou a Sucursal do Rio
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