RENATO FRANZINI
DA REDAÇÃO

As cinzas do presidente de honra do PC do B, João Amazonas, morto anteontem aos 90 anos, serão jogadas na região do Araguaia, sul do Pará -onde atuou em guerrilha durante o regime militar. A família decidiu atender a um último pedido do líder comunista, registrado em bilhete escrito por ele há alguns dias, segundo dirigentes do PC do B.
"As cinzas devem ser espalhadas na região do Araguaia, onde houve a guerrilha. É uma forma de juntar-me aos que lá tombaram", escreveu Amazonas (veja reprodução do bilhete ao lado).
Amazonas, que completou 90 anos em 1º de janeiro, comandou o Partido Comunista do Brasil até dezembro do ano passado. Renunciou por motivos de saúde e foi aclamado, em congresso, presidente de honra da legenda.
Em 1966, o PC do B, então na ilegalidade, decidiu promover uma guerrilha no campo para combater o regime militar. Amazonas participou da fase de preparação, e a guerrilha foi aniquilada pelo Exército entre 1972 e 1974.
Ele estava internado desde 21 de maio na UTI do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, com infecção pulmonar. Morreu anteontem de insuficiência respiratória.
Seu corpo foi levado anteontem à noite para Assembléia Legislativa de São Paulo, onde foi velado até ontem à tarde. Passaram pelo velório em momentos diferentes os pré-candidatos à Presidência José Serra (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Às 15h30 de ontem, logo após a chegada de Lula, o deputado federal Haroldo Lima (BA), presidente interino do PC do B, leu uma nota oficial do partido. Disse que "João Amazonas permanece, continua nas páginas da história de nosso país". Na sequência, o corpo foi levado em carro do Corpo de Bombeiros até o cemitério de Vila Alpina para ser cremado.


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