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OPERAÇÃO VAMPIRO
Despacho de juiz revela papel de suspeitos em esquema, além de empresas em nome das quais grupo atuava
Documento descreve atuação de acusados
ANDRÉA MICHAEL
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um conjunto de documentos
obtidos pela Folha revela que papel desempenhava cada um dos
empresários, lobistas e servidores
acusados de fraudar compras de
medicamentos no Ministério da
Saúde desde a década de 90 e presos durante a Operação Vampiro.
Revela, ainda, conforme descrito no processo 2003.34.00.010657-8, as empresas em nome das quais
o grupo atuava e os beneficiários
dos pagamentos monitorados pela Polícia Federal na investigação.
Em despacho do dia 14 de maio,
o juiz Cloves de Siqueira, da 10ª
Vara da Justiça Federal, em Brasília, além de decretar a indisponibilidade de bens móveis e imóveis
de 26 pessoas físicas e jurídicas, a
quebra de sigilo bancário e fiscal
de outras 43 e a prisão temporária
de 17 acusados de envolvimento
nas fraudes do ministério, descreve a ação dos personagens investigados. Entre esses personagens
estão:
1) Jaisler Jabour Alvarenga seria
o líder do cartel de empresas nas
concorrências de hemoderivados,
representando a Octapharma.
"Tem intensa participação no
grupo", diz o despacho.
2) Lourenço Rommel Ponte
Peixoto mantém intensa negociação entre os fornecedores do ministério e os servidores.
3) "Eduardo Passos Pedrosa,
vulgo Dudu, é sócio de Lourenço
Rommel e teve inúmeras conversas gravadas, tratando do esquema montado para fraudar licitações e da transferência de recursos (R$ 723.800) do Rio de Janeiro
para São Paulo, via Brasília".
Esses R$ 723.800 foram, segundo um parecer do Ministério Público, o pagamento por vantagem
obtida pela empresa Novo Nordisk em um procedimento no
qual o Ministério da Saúde comprou insulina.
4) "Luiz Cláudio Gomes da Silva
e Manoel Pereira Braga Neto são
servidores lotados na Coordenação Geral de Recursos Logísticos,
mencionados em conversa com
Jaisler e Lourenço como se tivessem recebido pagamento da quadrilha".
Ao situar a atuação do grupo, o
despacho judicial, em sua página
3, remete as fraudes a 1997. Cita,
ainda, personagens que, lotados
no início dos anos 90 na extinta
Ceme (Central de Medicamentos), teriam sido investigados por
suposto envolvimento no esquema PC -rede de desvio de dinheiro público comandada pelo
empresário Paulo César Farias,
morto em 1996.
A Ceme era o órgão no Ministério da Saúde que centralizava as
compras e onde atuou como assessor o hoje empresário Lourenço Peixoto.
Afirma o juiz que, com o "auxílio" dos servidores Edilamar Teixeira, Platão José Erwin Fischer-Pühler, Mário Machado da Silva e
André Ferreira Murgel, lobistas
"implementaram um intrincado
sistema de fraudes nos processos
de compra" do ministério.
Outro lado
A reportagem procurou os representantes da Octapharma AG
no Brasil. Em todas as vezes, eles
recomendaram que fosse encaminhado um e-mail para seu diretor
internacional, em Portugal, pedindo um posição sobre as acusações da Operação Vampiro. Isso
foi feito duas vezes, mas, até ontem, não havia resposta.
A Folha não conseguiu contato
com os demais citados na reportagem nem com seus advogados.
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