|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ECOS DO ORIENTE
Cnen afirma que produção é insuficiente e que exportação para China exige planejamento
Hoje não há urânio para vender, diz comissão
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear),
Odair Dias Gonçalves, disse ontem que, embora o Brasil tenha a
sexta maior reserva mundial de
urânio, a produção atual é pequena e não permite a exportação.
Segundo Gonçalves, o que se
produz é suficiente apenas para
abastecer as usinas Angra 1 e Angra 2. O enriquecimento do urânio usado pelas duas usinas é realizado pela empresa Urenco, um
consórcio formado pela Alemanha, Inglaterra e Holanda.
Gonçalves disse que não está
hoje na pauta do Brasil exportar o
minério, a não ser que isso seja
parte de um grande plano estratégico para a área nuclear do país.
"Não está em pauta hoje a venda
ou não de urânio. Hoje, a política
é muito clara: não comercializamos urânio", afirmou o presidente da Cnen, que integrou a comitiva brasileira que visitou a China.
Durante a visita, foi anunciado
o início da negociação de um
acordo nuclear entre os dois países, para, entre outras coisas, a
venda de urânio não enriquecido
à China, como forma de financiar
o programa nuclear brasileiro.
Em nota divulgada ainda na
China, após suas declarações, o
ministro Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) afirmou que a
eventual exportação depende de
uma revisão da política de não comercializar o minério. Então, para Gonçalves, o único fato concreto até agora é que os chineses desejam comprar urânio brasileiro.
O presidente da Cnen disse que
a prioridade do Brasil é fazer uma
revisão de seu programa nuclear
para saber se vai levá-lo adiante
ou se irá mantê-lo como está. A
revisão está sendo feita por um
grupo de trabalho criado pelo governo e deve acabar em agosto.
Levar o programa adiante significa, entre outras coisas, investir
na conclusão da usina Angra 3 e
no programa de enriquecimento
de urânio -transformar o minério em produto próprio para a fabricação de combustível nuclear.
"O mercado de urânio é tão pequeno que não faz nenhum sentido [entrar nele], a menos que isso
faça parte de um grande plano",
disse Gonçalves, um defensor de
que o Brasil invista em um plano
de energia atômica para fins pacíficos. Para ele, trata-se de uma
fonte de energia viável que sofre
resistências por causa do medo da
bomba. Gonçalves não descarta a
possibilidade de o Brasil vender
urânio à China ou a outro país, seguindo as regras da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), mas acha que qualquer decisão está subordinada a uma definição do governo sobre o programa nuclear. "Se decidir fechar
[manter só o que já existe], vender
urânio pode ser uma opção."
A falta de uma decisão sobre o
futuro do setor tem limitado a disponibilidade de recursos para ele.
A fábrica de enriquecimento de
urânio em Resende (RJ) está para
ser inaugurada desde 2002. Além
da falta de verbas, a fábrica enfrenta resistência internacional.
Texto Anterior: Justiça ordena que 11 acusados sejam libertados Próximo Texto: Mídia oficial: TVs condenam gasto de dinheiro público Índice
|