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GUANABARA
Campanha defenderá plebiscito sobre separação
PV defende que cidade do Rio volte a ser Estado para melhor gerir crise
DA SUCURSAL DO RIO
Um cano de água estourado
afunda o asfalto e engole um carro
em plena Lagoa (zona sul), um
dos cartões-postais do Rio. Perto
dali, dias antes, uma guerra entre
traficantes na favela da Rocinha
aterroriza a população e provoca
um bate-boca entre autoridades
federais, estaduais e municipais.
Problemas como esses poderiam ser resolvidos se a cidade
voltasse a ser Estado. A tese vem
sendo defendida pela cientista política Aspásia Camargo e pelo secretário municipal de Urbanismo
do Rio, Alfredo Sirkis, ambos do
PV, que pretendem lançar uma
campanha pública em favor da
separação dos Estados do Rio e da
Guanabara. A fusão ocorreu em
1975 por um ato assinado pelo então presidente Ernesto Geisel.
A idéia é realizar um plebiscito
para saber se a população do Estado, que não foi consultada em 75,
é favorável à separação. Mas, para
isso, a proposta precisa passar pelo Congresso. Sirkis e Camargo já
procuraram o deputado federal
Fernando Gabeira (sem partido-RJ), que, cauteloso, prometeu estudar o tema. "Primeiro, vou conversar com a minha base no interior e na capital para saber se eles
são favoráveis à separação", afirma Gabeira, que pode apresentar
um decreto legislativo pedindo o
plebiscito. O decreto tem que ter a
aprovação de 15% dos deputados.
Segundo Camargo, a fusão é um
"esqueleto da ditadura militar"
que precisa ser discutido pela população do Estado. "O que está
acontecendo no mundo inteiro é
a descentralização radical dos
processos de gestão administrativa. No Brasil, não ocorre isso."
Segundo Sirkis, o primeiro passo é formar uma rede de defensores da separação. Depois, eles pretendem realizar um estudo sobre
o impacto social e o custo da separação e, por fim, montar um site
para divulgar o movimento.
"A separação não acabaria com
os problemas da cidade. Isso me
parece uma solução muito mágica, porque se pretende tirar um
coelho da cartola para explicar
um problema muito mais sério
que é a falta de interação política
entre Estado e município", afirma
o historiador Américo Freire, do
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea
do Brasil, da Fundação Getúlio
Vargas.
(MURILO FIUZA DE MELO)
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