São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Entalado na garganta

Agora necessitado do apoio de seus pares, que julgarão o inevitável pedido de cassação, Paulinho da Força (PDT-SP) colecionou desafetos no processo que começou em outubro passado, quando a Câmara derrubou o imposto sindical. Na ocasião, ele discursou: "Estou pedindo o nome de todos os deputados que votaram "sim". Vou orientar todos os sindicatos a colocá-los no poste a partir da semana que vem".
Deputados de diferentes siglas lembram que Paulinho, hoje protagonista do escândalo de desvio de recursos do BNDES, levou uma claque aos corredores da Casa para pressioná-los em março deste ano, quando o imposto acabou ressuscitado. No dia da votação, puxou vaias das galerias contra os colegas.



Paga. Além da imunidade, uma das razões que levam Paulinho a não renunciar ao mandato é a convicção de que será ajudado por setores do PT, sobretudo os ligados à CUT, que teriam contado com a boa vontade do PDT e da Força Sindical quando do escândalo do mensalão.

Bifinho. O ministro Hélio Costa (Comunicações) nomeou ontem Pedro Magalhães para a diretoria dos Correios. Ele é irmão do deputado João Magalhães (PMDB-MG), envolvido no escândalos dos sanguessugas, em 2006.

Efeito surpresa. A pressa em votar de vez a nova CPMF foi determinada, nos bastidores pelo Planalto, para evitar que a base aliada tivesse tempo de montar o balcão de pedidos em troca da aprovação.

Sobre o nada. Da manhã até o início da noite de ontem, deputados se revezaram na tribuna da Câmara em inflamados discursos contra e a favor da nova CPMF, embora o texto do projeto ainda nem estivesse na Casa.

Veja bem. Nos intervalos do julgamento no Supremo sobre pesquisas com células-tronco, o advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, defendia que a criação da CSS (Contribuição Social da Saúde) tem caráter não-cumulativo, porque não recai sobre nenhuma cadeia produtiva, e sim sobre a movimentação financeira, atividade específica.

Pelo gongo. O deputado federal Sérgio Carneiro (PT-BA) tem um álibi perfeito para escapar do dilema entre apoiar o irmão, o prefeito João Henrique (PMDB), ou o correligionário Walter Pinheiro na disputa em Salvador: seu título é de Feira de Santana, onde, aliás, será o candidato do PT à prefeitura.

Sobrou o quê? O voto de Carlos Menezes Direito, impondo uma série de restrições às pesquisas com células-tronco, levou um dos representantes da comunidade científica que assistia ao julgamento de ontem no STF a comparar: "É como se ele decidisse a favor da liberdade de imprensa, desde que não se fale mal do Lula, dos governadores e dos senadores".

Tempo! Diante dos votos intermináveis, Luís Roberto Barroso, advogado do Movitae, pró-pesquisas, sugeriu que os ministros do Supremo tenham limite de tempo para expor suas decisões, assim como os defensores têm para fazer a sustentação oral.

Artista. O relator do processo, Carlos Ayres de Britto, compareceu à sessão vestindo sua "gravata da sorte", com desenhos de Pablo Picasso.

Nano. Em meio ao debate sobre avanços científicos e tecnológicos, os ministros mostraram estar atualizados. Eros Grau e Ellen Gracie usavam laptops com telas bem reduzidas, à prova de espionagem de trocas de e-mail.

Não fui eu. Entre os números que Blairo Maggi (PR-MT) levará amanhã ao fórum de governadores da Amazônia, com Lula presente, há um dizendo que o Pará desmatou 5.569 9km2 em 2007, contra 2.476 9km2 de Mato Grosso.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Prefiro perder com o presidente Lula do que ganhar contra ele.

Do prefeito FERNANDO PIMENTEL , declarando-se "ainda mais convicto" de sua posição favorável à aliança com o PSDB em Belo Horizonte, que será julgada amanhã pelo Diretório Nacional do PT, depois que Lula manifestou "apoio explícito" ao projeto em visita anteontem à capital mineira.

Contraponto

O cofrinho de cada um

Tucanos e "demos" fizeram ontem um protesto, no plenário da Câmara, contra a criação da CSS (Contribuição Social da Saúde), que vem a ser a CPMF ressuscitada.
A manifestação consistia em empunhar cofrinhos com uma inscrição contra o novo tributo. Ao passar pelo grupo oposicionista, Devanir Ribeiro (PT-SP) resolveu provocar o colega Lobbe Neto (DEM-SP):
-Não combina. Onde já se viu um burguês como você guardando dinheiro no cofrinho?
Neto devolveu à queima-roupa, resgatando um dos símbolos do escândalo do mensalão:
-Melhor no cofrinho que na cueca...


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