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Sarney pede desculpas por informação errada sobre auxílio-moradia
Senado valida pagamentos ilegais feitos desde 2002
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), pediu desculpas por ter negado que recebesse auxílio-moradia da Casa,
no valor mensal de R$ 3.800,
mesmo tendo à disposição a residência oficial desde fevereiro.
O senador mora em sua própria
casa, mas faz uso do imóvel.
"Eu nunca pedi auxílio-moradia e, por um equívoco, a partir de 2008, segundo me informaram, realmente estavam depositando na minha conta. Mas
eu já mandei dizer que retirassem, porque eu nunca requeri
isso e tinha a impressão de que
não estava recebendo. Portanto, dei uma informação errada e
peço desculpas", afirmou.
Em carta à Folha, Sarney
também pede desculpas por
uma "declaração inexata". "Há
34 anos senador, nunca o tinha
recebido, contudo por um
equívoco da administração do
Senado, o fizeram incluir nos
meus vencimentos, em 2008,
sem que eu tivesse solicitado
nem tido conhecimento".
O Senado decidiu ontem validar todos os pagamentos de
auxílio-moradia feitos ilegalmente a partir de dezembro de
2002. Só devolverão o dinheiro
os quatro senadores que receberam o benefício enquanto
detinham, ao mesmo tempo, o
direito de usar imóveis funcionais cedidos pela Casa.
Além de Sarney, recebiam o
benefício, mesmo tendo imóvel
funcional em Brasília, os senadores Cícero Lucena (PSDB-PB), Gilberto Goellner (DEM-MT) e João Pedro (PT-AM).
Na terça-feira, a Folha revelou que o pagamento do benefício é feito ilegalmente desde
dezembro de 2002. Isso porque em dezembro daquele ano
foi revogado o Ato da Mesa Diretora número 24/1992 que
autorizava o pagamento.
Ontem, a Mesa Diretora do
Senado -instância formada
por sete senadores- decidiu
aprovar um novo ato restabelecendo o pagamento regular do
auxílio-moradia. Com apenas
dois artigos, o texto determina
que o ato produza efeitos a partir de dezembro de 2002.
Para se resguardar de qualquer questionamento, a Mesa
decidiu que irá submeter o novo ato à aprovação em plenário.
A medida visa, sobretudo,
evitar que o Ministério Público
questione o pagamento feito
sem respaldo legal. Segundo a
Folha apurou, os gastos do período foram de cerca de R$ 11
milhões. De 2002 para cá, 40
senadores receberam o benefício mensalmente.
Na terça-feira, a Folha teve
acesso à lista de 41 senadores
que receberam auxílio-moradia no mês de maio. No mesmo
dia, Sarney disse em entrevista
coletiva que "nunca" ganhou o
benefício.
No entendimento da Mesa,
os senadores terão de comprovar os gastos com auxílio-moradia. Eles terão de apresentar
notas ou recibos de aluguel de
imóveis ou estada em hotéis
em Brasília. Essa determinação
havia no ato da Mesa anterior,
mas não vinha sendo respeitada nos últimos seis anos.
O Senado não deixou claro
como será a divulgação desses
dados. Também não esclareceu
como será feito o controle para
que o pagamento ilegal não volte a ocorrer.
Contudo, o novo ato não
proibirá que senadores com
imóvel em Brasília sejam impedidos de receber o benefício.
Por essa regra, por exemplo,
Sarney pode receber o auxílio-moradia desde que não tenha à
disposição imóvel funcional.
Os senadores do Distrito Federal também poderão continuar recebendo o benefício,
mesmo residindo na capital.
O duplo pagamento para
congressistas que moram juntos também continua. Esse é o
caso de parlamentares casados,
como o senador Gerson Camata (PMDB-ES) e a deputada Rita Camata (PMDB-ES).
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