|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Novo presidente do Conselho de Ética é acusado de improbidade
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O novo presidente do Conselho
de Ética do Senado, Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), é réu em
uma ação que o acusa de improbidade administrativa. O processo
tramita, sob segredo de Justiça, na
3ª Vara Federal de Manaus.
Mestrinho foi procurado ontem, mas não quis falar. Segundo
seu assessor, Luiz Costa, ele irá falar sobre o caso hoje.
O processo, iniciado em 1999
pelo procurador-chefe do Ministério Público Federal do Amazonas, Sérgio Lauria Ferreira, trata
de um suposto desvio de US$ 42
milhões do Ministério da Educação durante a construção do Centro de Convenções -um misto
de passarela de samba e escola pública, chamado popularmente de
sambódromo de Manaus.
O processo está em fase de instrução de provas, mas Mestrinho
já obteve uma vitória. No ano passado a juíza Maria Lúcia Gomes
de Souza determinou a quebra do
sigilo fiscal e bancário do senador,
mas ele recorreu e impediu a medida por meio de um recurso ao
TRF (Tribunal Regional Federal)
da 1ª região, em Brasília.
A empresa Comagi, de propriedade de um amigo de Mestrinho,
o empresário Paulo Girardi, começou a obra em 1992, no início
do terceiro governo estadual do
peemedebista.
Girardi e os ex-secretários de
Educação, Origines Angelitino
Martins e Josué Cláudio de Souza
Filho, além do ex-secretário de
Transportes, Eupidio Gomes da
Silva Filho, também figuram como réus no processo, que foi baseado no relatório de auditoria do
TCU (Tribunal de Contas da
União) e em representações de
partidos adversários do senador.
Segundo o relatório, a obra foi
executada sem licitação e houve
negligência na aplicação dos recursos, entre outras irregularidades. Na defesa que prestou ao
TCU, o governo de Mestrinho
disse que a obra não passou por licitação porque "a empresa contratada era a mesma que concluía,
à época, a Vila Olímpica de Manaus, que ficava a apenas 200 m
do local onde seria o sambódromo e que havia urgência porque o
Carnaval estava para acontecer".
A ação contra Mestrinho tramita sob o número
1999.32.00.007123-2. A Agência
Folha teve acesso ao processo, que
está em fase de instrução de provas, por meio do advogado Abdalla Sahdo Junior, que integra o escritório de advocacia Lélio Corrêa, responsável por uma representação questionando a obra.
Sahdo Júnior disse que houve
superfaturamento de 1.154% no
metro quadrado das 38 salas de
aulas construídas. Em 1994, a escola foi desativada porque parte
da cobertura do sambódromo
caiu. Vários alunos se acidentaram, e a Secretária da Educação
decidiu transformar o local em
áreas de eventos culturais.
Texto Anterior: Reforma no escuro: Aliados bombardeiam pacote tributário Próximo Texto: Igreja: Novo bispo vai dirigir diocese na África Índice
|