São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula afirma que lei o impede de governar

Em Minas Gerais, presidente reclama que a legislação não permite que ele inicie novas obras durante a campanha eleitoral

"O Brasil é o único país em que as eleições impedem que a gente governe. Mas é assim para todo mundo, não é só para mim", diz petista


PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A OURO BRANCO

Em meio a uma polêmica com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a legislação eleitoral e disse que ela o impede de governar. Apesar disso, fez promessas para as cerca de 600 pessoas que o ouviram numa fábrica da Gerdau, em Ouro Branco (MG).
"O Brasil é o único país em que as eleições impedem que a gente governe. Mas é assim para todo mundo, não é só para mim, então não tenho que me queixar. Tenho apenas que dizer para vocês que este ano não é possível fazer", disse ele ao explicar por que não poderia ordenar a construção imediata de uma faculdade na região. Mas prometeu que o pedido será atendido após as eleições.
"Já me falaram que dezenas de ônibus saem daqui, trabalhadores com macacão e tudo vão estudar [em São João del Rey, a uma hora de carro]. Obviamente que não dá pra fazer isso até amanhã, porque teria de fazer medida provisória, teria de contratar gente até o dia 30, depois não pode mais ninguém, é proibido por lei", disse.
Em seguida, o presidente, que já assumiu formalmente que é candidato à reeleição, fez promessas. "Mas nesta semana, o ministro da Educação vai mandar fazer uma vistoria na área. Sei que o reitor da universidade já veio aqui e quero dizer para os trabalhadores: estejam certos que em janeiro vocês já poderão ter feito vestibular para estudar aqui na região", completou, sendo muito aplaudido pelo auditório -eram 450 funcionários da fábrica e 150 convidados, entre moradores de cidades da região e políticos.
As críticas de Lula à legislação eleitoral ocorrem em meio a uma disputa entre o governo e o presidente do TSE, Marco Aurélio Mello. O presidente decidiu conceder aumentos a mais de 1,3 milhão de servidores públicos de dezenas de categorias, mas uma interpretação de Mello ameaça o reajuste.
Na semana passada, o presidente do TSE disse que, em sua avaliação, a lei proíbe aumento salarial aos servidores que ultrapasse a recomposição do poder de compra 180 dias antes da eleição. Após consultas à Justiça, o governo decidiu confrontar a interpretação de Mello e hoje deve fixar os reajustes, novos planos de carreiras e outras vantagens por meio de MPs. No final do mês passado, Lula já havia editado uma MP com aumento para professores e servidores do Banco Central.


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