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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula afirma que lei o impede de governar
Em Minas Gerais, presidente reclama que a legislação não permite que ele inicie novas obras durante a campanha eleitoral
"O Brasil é o único país em
que as eleições impedem
que a gente governe. Mas é
assim para todo mundo, não
é só para mim", diz petista
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A OURO BRANCO
Em meio a uma polêmica
com o TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva criticou a
legislação eleitoral e disse que
ela o impede de governar. Apesar disso, fez promessas para as
cerca de 600 pessoas que o ouviram numa fábrica da Gerdau,
em Ouro Branco (MG).
"O Brasil é o único país em
que as eleições impedem que a
gente governe. Mas é assim para todo mundo, não é só para
mim, então não tenho que me
queixar. Tenho apenas que dizer para vocês que este ano não
é possível fazer", disse ele ao
explicar por que não poderia
ordenar a construção imediata
de uma faculdade na região.
Mas prometeu que o pedido será atendido após as eleições.
"Já me falaram que dezenas
de ônibus saem daqui, trabalhadores com macacão e tudo
vão estudar [em São João del
Rey, a uma hora de carro]. Obviamente que não dá pra fazer
isso até amanhã, porque teria
de fazer medida provisória, teria de contratar gente até o dia
30, depois não pode mais ninguém, é proibido por lei", disse.
Em seguida, o presidente,
que já assumiu formalmente
que é candidato à reeleição, fez
promessas. "Mas nesta semana, o ministro da Educação vai
mandar fazer uma vistoria na
área. Sei que o reitor da universidade já veio aqui e quero dizer
para os trabalhadores: estejam
certos que em janeiro vocês já
poderão ter feito vestibular para estudar aqui na região",
completou, sendo muito aplaudido pelo auditório -eram 450
funcionários da fábrica e 150
convidados, entre moradores
de cidades da região e políticos.
As críticas de Lula à legislação eleitoral ocorrem em meio
a uma disputa entre o governo e
o presidente do TSE, Marco
Aurélio Mello. O presidente decidiu conceder aumentos a
mais de 1,3 milhão de servidores públicos de dezenas de categorias, mas uma interpretação de Mello ameaça o reajuste.
Na semana passada, o presidente do TSE disse que, em sua
avaliação, a lei proíbe aumento
salarial aos servidores que ultrapasse a recomposição do poder de compra 180 dias antes da
eleição. Após consultas à Justiça, o governo decidiu confrontar a interpretação de Mello e
hoje deve fixar os reajustes, novos planos de carreiras e outras
vantagens por meio de MPs. No
final do mês passado, Lula já
havia editado uma MP com aumento para professores e servidores do Banco Central.
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