São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO

Goldman é escolhido por Serra para vice na chapa puro-sangue

JB Neto - 12.mar.2006/Folha Imagem
O deputado Alberto Goldman, que será vice do tucano José Serra


Convite de ex-prefeito ao deputado federal foi feito na tarde de ontem depois do fracasso nas negociações com o PMDB

Antes de decidir por seu amigo, candidato tucano ligou para Sidney Beraldo, o outro cotado; consultado, Alckmin não se manifestou


DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, escolheu o deputado federal e amigo Alberto Goldman para vice de sua chapa. "Escolhi alguém bom", justificou Serra: "Por sua história, Goldman, que foi ministro, líder de partido e lutou contra a ditadura, tem as credenciais para a vice".
O convite foi formalizado na tarde de ontem, quando os dois se encontraram. Antes de anunciar a decisão à Executiva do partido -convocada às pressas no início da noite-, Serra telefonou para o presidente do PSDB paulista, Sidney Beraldo, outro cogitado para a vaga.
Segundo tucanos, Beraldo não manifestou nenhuma contrariedade e convocou a Executiva para uma reunião às 19h de ontem. No domingo, Serra havia submetido os nomes em estudo ao candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.
Embora já tenha se queixado de falta de participação no processo de escolha, Alckmin elogiou todos os indicados. A partir daí, Serra se sentiu liberado para escolher o nome de sua preferência. Para evitar uma disputa interna, ele buscou uma filiada ao PSDB sem mandato: a ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Como ela não aceitou, Serra optou por Goldman.
"É outra trincheira da mesma luta pela construção de um país melhor", disse Goldman, que esperou do lado de fora da reunião até que Serra anunciasse seu nome. À Executiva, Serra elogiou o currículo do vice. Só aí Goldman foi chamado.

Fracasso com o PMDB
A montagem da chapa puro-sangue é o reconhecimento do fracasso das negociações com o PMDB, que, após lançar o ex-governador Orestes Quércia, articula com o PP uma aliança para o governo do Estado.
Apesar da preferência por Goldman, Serra avaliava a indicação de Beraldo, pois crescia um movimento no partido pela sua escolha. Serra decidiu logo para evitar que a situação fugisse a seu controle. Aliados de Alckmin reclamaram do fato de a Executiva ter dado a Serra o direito de escolha. Tucanos esperavam Alckmin agisse em favor de Beraldo. Mas Alckmin decidiu não se manifestar.
Hoje, Serra estará no PFL para oficialização da candidatura de Guilherme Afif Domingos para a disputa pelo Senado.
No PSDB, Goldman é encarado como um empecilho aos planos do secretário municipal Aloysio Nunes Ferreira para a disputa ao governo do Estado em 2010. Caso eleito, Serra deverá se afastar do Palácio dos Bandeirantes para concorrer à Presidência. Ao assumir o cargo -a exemplo do que aconteceu com o próprio Alckmin-, Goldman se transformaria em forte candidato à reeleição.
No partido, Goldman é encarado como um porta-voz de Serra, a ponto de o comando do PSDB ter atribuído ao ex-prefeito a paternidade de uma nota em que o deputado se queixou da viagem de tucanos a Nova York. Num boletim aos militantes do partido, Goldman reclamou dos integrantes da cúpula do partido que se reuniram nos EUA para discutir a candidatura de Alckmin.
Irritado, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, criticou Goldman publicamente: numa reunião na casa de Fernando Henrique Cardoso e na presença de Serra, Aécio chamou Goldman de puxa-saco.


Texto Anterior: Prefeito diz que Câmara votou contas
Próximo Texto: Saiba mais: Deputado foi comunista e quercista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.