São Paulo, sexta-feira, 29 de junho de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Peter Schrank - economist.com
Na charge da revista, Lula sem nada fazer, com coquetel e festa ao fundo, mas piranhas à espreita

Dias preguiçosos à espreita

Sob o título "Dias preguiçosos e quentes para o sortudo Lula", a nova "Economist" voltou à pressão por reformas no Brasil. Diz que "os jornais vivem em uma bolha", as notícias de corrupção enfrentam "o brasileiro bastante contente, menos interessado nas notícias da TV do que na novela que vem a seguir".
O presidente "é muito popular", na periferia "todos amam Lula". "Em muitos sentidos, o Brasil tem o melhor desempenho em uma geração", diz a revista -e "a maior parte dos brasileiros gosta e confia em Lula, ainda que não em todos os seus seguidores". E assim seu governo, em "torpor", age com atraso, quando age. "Mais do que governar, Lula reina."
A longa reportagem ouve de Aloizio Mercadante a Maílson da Nóbrega e FHC, identificando-se com o último até nas críticas à nova liderança tucana, que não priorizaria reformas como ele -e a "Economist".

CIDADES SEM DEUS
Em longa reportagem, menos relacionada à política e à economia do que a "Economist" e mais ao quadro social que presenciou, o "Guardian" descreveu o cotidiano em favelas de São Paulo e outras. Entrevistou de traficantes a professores, de rappers a policiais, sob o título "Nestas cidades sem Deus, a democracia é zombada pela violência e desigualdade". O relato é devastador e duvida da própria sobrevivência da "democracia liberal" em tal ambiente.
Enquanto isso, 19 mortos no Complexo do Alemão e o "Jornal Nacional" nem cita nas manchetes o Rio do Pan.

"ERRO"
A mesma "Economist", em editorial, responsabilizou o Brasil de Celso Amorim, mais do que Índia, americanos e europeus, pelo "último atraso de Doha". Diz que foi "erro" e argumenta que, sem acordo, podem crescer os "subsídios que distorcem o comércio", afetando os emergentes.
Por aqui, no Globo Online, Lula foi curto e grosso, "se eles não abrem a agricultura, não tem mais conversa".

EUA VS. ÍNDIA
Já a Casa Branca segue na pressão sobre a Índia. Ontem nos sites do "Wall Street Journal" e do "Washington Post", títulos ameaçadores do tipo "Schwab, representante comercial dos EUA, diz que o futuro da Índia depende da abertura do comércio" ou "Relação tem duro remendo".

SEM FOCO
Andres Oppenheimer, o colunista do "Miami Herald" que luta para aproximar EUA e América Latina, cobra um novo "foco para a região", diante da iminente suspensão dos poderes de George W. Bush para negociar acordos comerciais com liberdade.
Avisa o atento colunista que "a União Européia negocia ativamente o acordo de livre comércio com o Mercosul".

"BLADE RUNNER"
O "Guardian" noticiou os cenários futuristas feitos pela organização ESRC para o mundo. É em geral esforço de projeção científica, mas desta vez levou em conta também "os novos alinhamentos e a ascensão dos Brics", no caso, "Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul". Um cenário foi apelidado de "Blade Runner".

OURO NEGRO OU VERDE
Hugo Chávez trocou o Mercosul pela turnê de compra de armas por Rússia e Irã -o que levantou temores de especialistas na BBC Brasil, de corrida armamentista na região. Mas para uma análise da BBC em inglês o conflito se dá mais entre os produtores de petróleo e de gás e os produtores de biocombustível. No francês "Le Monde", também em análise, "ouro negro ou verde" seria a nova divisão global. No título, "Opep negra contra Opep verde".


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@ - Nelson de Sá


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