São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

O nó do Madeira

A derrota no leilão de Jirau, em maio deste ano, não é a única fonte de insatisfação da Odebrecht no que diz respeito às usinas do rio Madeira. Desde que venceu o leilão de Santo Antônio, em dezembro, a empresa pressiona os mais altos escalões do governo com o objetivo de obter do BNDES condições de financiamento mais vantajosas -precisamente as condições que vieram a ser estabelecidas, em abril, para Jirau.
As duas principais mudanças introduzidas no modelo de Jirau são a possibilidade de amortizar o débito pela tabela Price, em vez de SAC (Sistema de Amortização Constante), e a redução do índice de cobertura do serviço da dívida de 1,3 para 1,2.

Sorte grande. Somadas, as duas modificações representam um ganho da ordem de R$ 3 bi (cada uma das hidrelétricas deverá custar perto de R$ 10 bi). Um ganho que os demais concorrentes ignoravam quando fizeram seus lances por Santo Antônio.

Tenho dito. Segundo a assessoria do BNDES, "a expectativa do banco é que os dois financiamentos sejam feitos em bases semelhantes, mas as condições anunciadas para cada um dos leilões não serão alteradas". Nenhuma chance de mudança? "Não haverá equiparação de condições."

Vocabulário. Em meses recentes, tornou-se comum ouvir executivos do BNDES usarem termos como "isonomia" e "justiça" para defender a necessidade de "harmonizar" as condições de financiamento das duas hidrelétricas.

Lula & Marta 1. O jingle "Deixa Marta Trabalhar", que embalará a convenção do PT, hoje em São Paulo, e a campanha da ex-prefeita, é um forró composto por Lázaro do Piauí, e começa assim: "A voz de Deus é a voz do povo/ Olha a Marta aí de novo/ Pra continuar o que já fez/ Eu quero Marta outra vez".

Lula & Marta 2. "Eu quero Marta lá", diz outro trecho da música, parafraseando o mais famoso jingle de Lula. E depois: "Deixa ela trabalhar/ Ela fez e faz tudo direitinho/ Deixa ela trabalhar/ Marta cuidou bem do nosso povo/ Deixa ela trabalhar/ São Paulo quer a Marta de novo".

No QG. O incorporado "bloquinho" terá um assento na coordenação de campanha de Marta. O representante das quatro siglas nesse colegiado será o deputado Márcio França, presidente do PSB-SP e líder da bancada na Câmara.

CEP. Outro que fará de tudo para colar em Lula é Walter Pinheiro (PT). Sua coligação foi batizada de "Salvador-Bahia-Brasil", para dar a idéia de continuidade petista nas três esferas de administração.

Folhetim. Agraciada com o apoio do ex, Ciro Gomes (PSB), que disse o diabo da administração de Luizianne Lins (PT), a candidata Patricia Saboya (PDT) ganhou em Fortaleza o apelido de "A Favorita". É o nome da novela estrelada pela atual mulher do deputado, Patrícia Pillar.

Preservação. Um dos dez candidatos à Prefeitura de São Luís atribui a proliferação de palanques à necessidade de renovar lideranças políticas no Maranhão, já que, à exceção de Roseana Sarney (PMDB), todos os caciques têm mais de 70 anos. "Trata-se de imperativo biológico."

Não pegou. O governo está preocupado com o fracasso da Timemania, criada para socorrer os clubes de futebol do atoleiro financeiro. O volume de apostas é irrisório se comparado ao da Megasena.

Sem fundo. Espantoso é que, diante do diagnóstico de que a Timemania não será suficiente para salvar os clubes, exista no governo quem defenda a edição de nova medida provisória aumentando o repasse e criando outros mecanismos de financiamento.

Tiroteio

Ninguém entende a oposição: chama o programa de "bolsa-esmola", mas, em ano de eleição, apóia o reajuste do Bolsa Família.


Do líder do PT na Câmara, MAURÍCIO RANDS (PE), sobre a defesa feita pelo DEM do anunciado aumento de 8% no valor do benefício.

Contraponto

Aquela do PAC

Em campanha para se eleger prefeito de São Bernardo do Campo, o petista Luiz Marinho, recém-saído do Ministério da Previdência, foi abordado dias atrás por um aliado nas ruas do município do ABC paulista:
-Ministro, quando o senhor vai trazer a Vilma aqui?
Marinho estranhou a súbita notoriedade de sua mulher e tratou de esclarecer que o nome era Nilza, e não Vilma.
O homem, porém, insistiu em pedir a presença "da Vilma", com tanta ênfase que Marinho acabou percebendo que a famosa em questão era, na verdade, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a quem Lula tem carregado para cima e para baixo nos inúmeros eventos do PAC.


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