São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Marido de Yeda é onipresente no governo

Chamado de "professor", Carlos Crusius tem participação em decisões estratégicas

Marqueteiro da campanha define economista como "um personagem estranho, que se metia em tudo, mas não resolvida nada"

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

No auge da crise que derrubou quatro secretários de Yeda Crusius (PSDB) no Rio Grande do Sul, uma afirmação era ouvida amiúde nos corredores das secretarias de governo e no Palácio Piratini: "Chega de intermediários; Carlos Crusius na Casa Civil". A frase, repetida desde o início da gestão apenas com variações de cargo, alude à onipresença do marido de Yeda, o economista Carlos Crusius, 63 anos, no governo.
Professor universitário aposentado, Crusius atua como presidente do Conselho de Comunicação, uma área com orçamento modesto, cerca de R$ 7 milhões, mas que exerce influência na distribuição publicitária de estatais. Para adversários políticos, o cargo não remunerado foi apenas uma forma de justificar a permanente presença dele no palácio.
Dentro do chamado "núcleo duro" governista, Crusius é chamado de "professor". É também considerado um oráculo no grupo responsável pelas decisões estratégicas. Ele teria sido o idealizador do plano de aumento de impostos.
Entre os principais conselheiros de Yeda estão Aod Cunha, ex-aluno de Carlos Crusius, secretário da Fazenda e responsável pela área de maior sucesso da governadora tucana; o amigo da família Daniel Andrade, secretário de Infra-Estrutura e Logística; e Fernando Schüler, secretário da Justiça e do Desenvolvimento Social, acadêmico ligado ao casal.
O trabalho de Crusius já era perceptível nos bastidores da campanha. Ele estava no seleto grupo que organizava a arrecadação. O marqueteiro do primeiro turno da campanha, Chico Santa Rita, o define como "um personagem estranho, que se metia em tudo, mas não resolvia nada". "Volta e meia a gente ia fazer uma reunião da área de marketing e estava lá o Carlos Crusius; ia participar de uma reunião financeira, estava lá o Carlos Crusius; ia fazer uma reunião de plano de governo ou de pesquisa e estava lá o Carlos Crusius."
A campanha também foi um período de tensões entre o economista e o vice-governador, Paulo Feijó. As críticas de Feijó aumentaram após a eleição. "Como alguém que não recebeu um voto pode ter tanta influência no governo?", dizia.
Nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Rodin, que investiga o desvio de R$ 44 milhões do Detran Gaúcho, Crusius é identificado como o provável "barbicha", uma pessoa influente com quem donos das empresas prestadoras de serviço queriam proximidade.
Crusius conheceu a paulista Yeda na Universidade de Vanderbilt, em Nashville, EUA, onde estudavam economia. Casaram-se e foram morar em Porto Alegre. Seguiram carreira acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Questionado sobre sua participação no governo, Crusius -avesso a entrevistas- diz que "marido é marido". "Eu sou uma pessoa totalmente desimportante", afirmou.


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