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Procurador-geral deixa cargo sem a indicação de sucessor
Em reunião prevista para a manhã de hoje, o presidente Lula deve escolher entre os dois nomes indicados para o cargo
Os preferidos da categoria
são Roberto Gurgel, opção
de Antonio Fernando Souza,
e Wagner Gonçalves, que
tem a simpatia de Dilma
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma situação inédita há
pelo menos 20 anos, o chefe do
Ministério Público da União,
Antonio Fernando Souza, terminou seu mandato sem ter o
sucessor indicado pelo presidente da República, como determina a Constituição.
Na vacância, o cargo será assumido hoje pela subprocuradora-geral da República Deborah Duprat. Ela é vice-presidente do Conselho Superior do
Ministério Público Federal e
comanda a câmara da Procuradoria Geral da República responsável por questões indígenas e relacionadas à defesa dos
interesses de minorias étnicas.
Seu mandato, porém, pode
durar pouco. O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva viaja hoje à
noite para Trípoli (Líbia) e quer
deixar o assunto resolvido.
Pela manhã está prevista
reunião na qual Lula deve dar
seu veredicto entre os dois
mais cotados para o cargo: Roberto Gurgel e Wagner Gonçalves, desde maio conhecidos como os preferidos da categoria,
segundo votação da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República).
Ainda que a decisão saia hoje,
o novo titular precisa passar
por sabatina na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado e ser aprovado por maioria
absoluta dos integrantes da Casa em sessão plenária.
A demora do presidente alimentou o desagrado de Antonio Fernando, que ficou chateado por não passar o cargo ao
sucessor. O candidato dele é
Gurgel, o primeiro da lista da
ANPR. Ele também tem o apoio
do presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e do ministro
Nelson Jobim (Defesa).
A tendência natural seria Lula guiar sua indicação pela votação da ANPR. Mas Gonçalves, o
segundo da lista, tem a simpatia
de expoentes políticos de peso:
a ministra da Casa Civil, Dilma
Roussef, e o chefe de gabinete
de Lula, Gilberto Carvalho.
O lobby pró-Gonçalves tenta
suplantar a disposição de Lula
de evitar conflitos desnecessários -neste caso, bastaria seguir a votação da ANPR. Argumenta que não se trata de uma
eleição propriamente dita, mas
de uma lista indicativa, lembrando sempre a Lula que é só
dele a prerrogativa de indicar
quem quer que seja.
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